Madeira impõe dupla testagem e isolamento a residentes e emigrantes chegados à região

Governo madeirense apresentou novas medidas de combate à pandemia. Do Natal deste ano, apenas o fogo-de-artifício escapou às restrições.

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daniel rocha

A Madeira vai alargar a obrigatoriedade da realização de dois testes ao novo coronavírus, com isolamento profiláctico pelo meio, a todos os residentes e emigrantes madeirenses que aterrem nos aeroportos do arquipélago nos próximos 15 dias.

A medida, que já vigorava há duas semanas para os universitários madeirenses a estudar no continente, foi anunciada esta quarta-feira pelo presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, numa videoconferência, em que voltou a apelar à “responsabilidade cívica” da população para mitigar a propagação da pandemia na região autónoma.

“O pior que nos pode acontecer é uma transmissão comunitária. É isso que o governo quer a todo o custo evitar”, disse aos jornalistas, enquadrando o novo pacote de medidas que, reconhece, acarreta “incómodos” para muitas pessoas. Mas, ressalvou, esses “incómodos” não são comparáveis a uma situação de descontrolo da pandemia.

Todos os residentes e emigrantes madeirenses terão que realizar dois testes de despistagem ao novo coronavírus. Um à chegada, no aeroporto, quem não tenha feito até 72 horas antes da viagem, e um segundo, entre cinco a sete dias depois. Até ser conhecido o resultado do segundo teste, os passageiros devem ficar em isolamento profiláctico.

Evitar o descontrolo da pandemia

“Os próximos 15 dias serão cruciais, e não podemos facilitar”, foi repetindo Albuquerque ao longo da conferência de imprensa, transmitida em directo através das contas oficiais do executivo nas redes sociais, rejeitando, para já, medidas mais restritivas como as que vigoram no continente. “A nossa situação não é comparável àquilo que existe no país, por isso não há razão para decretar confinamento ou limitar a circulação entre concelhos.”

Mesmo assim, as medidas anunciadas restringem bastante a época de Natal e fim-de-ano na Madeira. No calendário tradicional, apenas o fogo-de-artifício que marca a entrada no novo ano, se mantém. Mas Albuquerque pede às pessoas que procurem assistir ao espectáculo a partir de casa, evitando os locais públicos, como praças e miradouros.

“Sabemos que nem todos o podem fazer, por isso o governo irá apresentar um plano de delimitação dos espaços públicos que habitualmente são usados para a visualização do fogo-de-artifício, para garantir o necessário distanciamento social”, disse o chefe do executivo madeirense PSD/CDS, alertando para os “graves riscos para a saúde pública” se as medidas preventivas forem negligenciadas nos habituais convívios de Natal e fim-de-ano.

“Enfrentaremos uma grave crise de saúde publica na Madeira, com a situação pandémica fora de controlo”, dramatizou, dizendo que como o governo não tem, nem pode ter, um fiscal em cada esquina, cabe a todos serem responsáveis.

“Para evitarmos contágios em larga escala e um conjunto de óbitos associados, é imperativo contar com a responsabilidade e colaboração de todos os cidadãos e de todas as famílias”, reforçou.

Celebrações canceladas ou condicionadas

Além do reforço de proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas na via pública, mesmo em eventuais mercadinhos de Natal que venham a ser autorizados, este ano não haverá circo nem parque de diversões na Madeira. A corrida de São Silvestre foi cancelada, as cerimónias religiosas (Missas do Parte e do Galo) não terão convívios antes ou depois das celebrações, e a Noite do Mercado, que na noite do dia 23 de Dezembro e madrugada do dia seguinte leva milhares de pessoas à baixa do Funchal, não será realizada.

Os restaurantes vão continuar a ter horários limitados, com prolongamento até à meia-noite (no dia 30 de Dezembro) e até à 1h (na noite de passagem de ano).

No último boletim epidemiológico, divulgado esta terça-feira, a região autónoma contabilizava 707 casos de covid-19 desde o início da pandemia: mais 16 do que no dia anterior. Destes, 169 continuam activos, sendo que três estavam internadas no hospital e uma quarta nos cuidados intensivos. Este mês, ocorreram as primeiras duas mortes devido à covid-19 no arquipélago.

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