Netanyahu anuncia visita ao Bahrein depois de encontro quase confirmado com líder saudita

Desde o acordo de normalização de relações com os Emirados, em Agosto, e com o Bahrein, em Setembro, que se especula sobre quando será a vez da Arábia Saudita oficializar laços com Israel.

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Netanyahu com Pompeo e com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Bahrein, Abdullatif Al-Zayani, a semana passada, em Jerusalém Menahem Kahana/ Reuters

O primeiro-ministro israelita disse esta terça-feira que vai visitar “em breve” o Bahrein, a convite do príncipe herdeiro Salman al-Khalifa, que é também chefe de Governo deste reino do Golfo, o segundo a normalizar laços com Israel, depois dos Emirados Árabes Unidos. Horas antes, interrogado sobre o alegado encontro secreto que manteve com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman (MBS), Benjamin Netanyahu respondeu assim: “Nunca comentei em público estes assuntos em todos os meus anos [no Governo] e não penso começar agora”.

Já o seu ministro da Educação, e ex-general, Yoav Gallant, foi mais longe e sublinhou à Rádio do Exército que “o simples facto de que o encontro tenha acontecido e que a sua celebração se torne pública, ainda que seja de forma semioficial, é de grande importância”.

Desde o anúncio do acordo com os Emirados, em Agosto, e com o Bahrein, em Setembro, que se especula sobre os países que se seguirão e, em especial, quando será a vez da Arábia Saudita. Os Estados Unidos, que promoveram esta aproximação, nunca esconderam que Riad era o grande objectivo e pactos com este relevo na região não teriam avançado sem o consentimento saudita.

De acordo com a imprensa do Estado hebraico, Netanyahu viajou até Neom, cidade saudita na costa do mar Vermelho, para ali se reunir com MBS e com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que faz por estes dias a sua última visita à região. O encontro terá acontecido domingo à noite e há registos de voo que mostram a viagem do mesmo jacto privado que Netanyahu usou para ir à Rússia. Para além de Netanyahu, terá estado na reunião o director da Mossad, Yossi Cohen.

Washington limitou-se a celebrar “um encontro construtivo” com MBS em Neom, sem se referir a Israel, enquanto Riad desmentiu oficialmente que a reunião tenha acontecido – o que não é estranho, já que este é um processo sensível do ponto de vista da monarquia.

Sob anonimato, um alto responsável saudita confirmou entretanto ao jornal The Wall Street Journal o encontro entre Netanyahu e MBS, explicando que não foi alcançado nenhum acordo mas que se discutiu a estratégia comum face ao Irão e a normalização de relações entre os dois estados.

MBS já deu sinais de que está disponível a ensaiar uma aproximação a Israel mas não quer que isso seja visto como uma traição aos palestinianos. E se o jovem MBS, líder de facto do reino, introduziu um ritmo novo na política saudita, o seu pai, rei Salman, prefere actuar com cautela e sem pressas, na tradição do país que abriga os principais santuários do islão, Meca e Medina.

Por outro lado, agora que a Administração Trump está de saída, os sauditas podem preferir esperar para perceber a dimensão das mudanças que o Presidente eleito Joe Biden vai trazer à política dos EUA para o Irão e para o Médio Oriente.

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