Programa psicoterapêutico reduz sofrimento de mulheres com cancro da mama

Denominado Mind, o projecto visa “promover uma autogestão emocional mais eficaz e, assim, melhorar o funcionamento psicossocial e qualidade de vida de doentes com cancro”.

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Mor Shani/Unsplash

Um programa de intervenção psicológica para contexto oncológico, desenvolvido na Universidade de Coimbra (UC), mostrou ser “eficaz na diminuição do sofrimento de mulheres com cancro da mama”, informa a instituição, nesta segunda-feira. O programa, elaborado no âmbito do doutoramento de Inês Trindade, investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), combina técnicas de mindfulness, aceitação e compaixão.

Denominado Mind, o projecto visa “promover uma autogestão emocional mais eficaz e, assim, melhorar o funcionamento psicossocial e qualidade de vida de doentes com cancro”, afirma a UC em comunicado. Num estudo-piloto realizado com um grupo de mulheres com cancro da mama não metastático em tratamento no Serviço de Radioterapia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o Mind teve “um efeito notável na melhoria da saúde psicológica das participantes”.

A amostra foi constituída por 32 mulheres, distribuídas por dois grupos — um grupo experimental e um grupo de controlo (doentes que não realizaram a intervenção). No final das oito sessões, com a duração de aproximadamente duas horas cada, “a saúde psicológica das mulheres com cancro da mama que realizaram a intervenção melhorou significativamente em comparação ao grupo de mulheres que não realizou o programa (grupo de controlo)”, assinala Inês Trindade.

Também foram notadas melhorias na saúde física e qualidade das relações sociais e diminuição de sintomas de depressão e stress. Além disso, “as mulheres do grupo experimental relataram que o programa é muito útil para lidarem melhor tanto com a doença como com outras áreas de vida”, sublinha a UC, referindo que estes resultados já publicados no Journal of Contextual Behavioral Science.

Esses resultados sugerem que “o programa Mind pode ser um complemento muito útil ao tratamento médico do cancro da mama, ajudando a melhorar a qualidade de vida e a saúde mental dessa população”, sustenta a investigadora. O cancro da mama é o segundo cancro mais comum e o mais frequente em mulheres.

Com o objectivo de optimizar o programa Mind, Inês Trindade, em conjunto com Helena Moreira, também do CINEICC, vai agora conduzir um novo estudo, com um maior número de participantes, tendo, para isso, obtido 245 mil euros de financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e tem a duração de três anos.

Este novo estudo vai permitir “realizar um ensaio clínico mais robusto e controlado e avaliar também o efeito do programa em marcadores fisiológicos (epigenéticos e inflamatórios), além das medidas psicológicas, relacionadas com saúde mental e adaptação à doença, assim como o custo-efectividade (ganhos económicos) do programa”, destaca a investigadora do CINEICC.

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