A falta de brincadeiras ao ar livre pode prejudicar o bem-estar dos mais novos

Por passarem mais tempo em casa, as crianças e adolescentes podem desenvolver ansiedade e outros quadros clínicos. Por isso, as brincadeiras na rua são importantes para garantir o seu bem-estar.

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Gustavo Fring/Pexels

Com a pandemia, as pessoas passam mais tempo em casa, incluindo as crianças, que vêem limitadas as interacções e as brincadeiras na rua. José Pamplona, chefe nacional adjunto da Associação de Escoteiros de Portugal, considera que ao passarem mais tempo em casa, o estado mental e social dos mais novos pode ser afectado e é importante encontrar soluções. Para o responsável, “as florestas são uma resposta para a saúde mental de todos, nomeadamente das crianças e jovens”. Este é um dos assuntos que vai fazer parte da webinar “O Papel da Floresta na Recuperação Económica de Portugal”, desta segunda-feira, às 21h, através da plataforma Zoom.

José Pamplona explica que as crianças e os jovens que têm aulas — muitas delas em casa, online — de segunda a sexta-feira, e que ao fim-de-semana vão para o computador jogar ou ver conteúdos televisivos podem desenvolver problemas a nível da sua saúde mental, como ansiedade e hiperactividade, mas também a nível social. “Estamos a falar de quase um ano em que os jovens começam a perder o contacto presencial com outros jovens. Somos um povo latino e para nós esse contacto é importantíssimo”, alerta.

Por esse contacto estar cada vez mais limitado, o dirigente recomenda que os pais privilegiem que as crianças façam actividades ao ar livre, em espaços abertos, nomeadamente passeios na natureza, como nas florestas, “que acaba por ser um espaço seguro onde podem exercer actividade física e também fazer o que as crianças fazem: brincar”, até porque é importante que “libertem o acumular de energias”. As florestas são “muito menos pesadas a nível ambiental, ao contrário de estarmos nas nossas casas ou noutros espaços, como centros comerciais, que se calhar por regra escolheríamos”, acrescenta.

É nas florestas que o escotismo “privilegia o desenvolvimento das suas actividades desde a sua existência”, há mais de 100 anos. “É um ambiente isolado da sociedade, por isso consegue-se estar em paz e harmonia”, assegura. Mesmo com a pandemia, as actividades de escotismo não pararam, foram adaptadas com o cumprimento de todas as regras, assegura, até porque, “mais do que nunca, estas actividades são uma resposta para o bem-estar dos mais jovens”.

O escotismo “acabou por ser tornar num importante alicerce para o desenvolvimento das crianças e dos jovens e essa procura tem vindo a crescer”, até porque “em Março, com o início da pandemia, os pais aperceberam-se de que trabalhar e gerir a vida familiar ao mesmo tempo é um pouco complexo”, diz. Assim, muitas crianças e jovens decidiram fazer essas actividades, sobretudo dos 6 aos 14 anos. “Sentimos uma procura muito grande nestas faixas etárias, porque os mais novos precisam de ser crianças. É o que são e o que precisam de ser”, conclui.

Na webinar, promovida pelo Centro Pinus, vão ser exploradas três dimensões relativamente ao papel da floresta: económica, ambiental e social. A participação é gratuita, mas é necessário fazer inscrição.

Texto editado por Bárbara Wong

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