Novos sinais de contracção do PIB europeu no quarto trimestre

Medidas de confinamento mais apertadas impostas pelos governos europeus já estão a afectar a actividade económica no sector dos serviços.

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Reuters/GONZALO FUENTES

Depois da recuperação parcial da actividade económica conseguida no terceiro trimestre, são cada vez mais os indicadores a apontar para a possibilidade de um novo retrocesso do PIB da zona euro nos últimos três meses do ano, com as economias a serem afectadas pelo regresso das medidas de confinamento em vários países.

Esta segunda-feira, um dos indicadores mais frequentemente utilizados para tentar antecipar de que forma é que o PIB está a evoluir nas principais economias mundiais – o Purchasing Manager Index (PMI) calculado pela IHS Markit – revelou, nos dados relativos ao mês de Novembro, uma quebra acentuada, fortalecendo as expectativas de uma recaída da economia na fase final deste ano.

O PMI para a zona euro passou de 50 pontos em Outubro (exactamente o valor que constitui a fronteira entre uma contracção e uma expansão da actividade) para 45,1 pontos em Novembro. O resultado ficou ligeiramente abaixo daquilo que eram as expectativas dos analistas.

A quebra está a verificar-se especialmente no sector dos serviços e sentiu-se de forma bem mais marcada em França do que na Alemanha, os dois países para os quais foram já apresentados dados específicos. No sector dos serviços, o PMI, que já se encontrava abaixo dos 50 pontos em Outubro, caiu ainda mais em Novembro, para 41,3 pontos. Na indústria, o desempenho é mais favorável, mas mesmo assim com uma tendência mais negativa em Novembro, com o indicador a passar de 54,8 pontos para 53,6.

Por países, se na Alemanha se registou uma descida de 55 para 52 pontos, em França a quebra é particularmente acentuada, tendo o PMI passado de 47,5 pontos para 39,9 pontos.

É muito evidente, em todos estes indicadores, a influência negativa na actividade que estão a ter as novas medidas de confinamento adoptadas pelos governos europeus. Particularmente prejudicadas pelas limitações impostas à circulação e pessoas estão áreas de actividades do sector dos serviços, como o turismo, o comércio ou a restauração.

Depois da queda recorde das economias durante o segundo trimestre do ano, a generalidade das economias europeias, incluindo Portugal, tinham conseguido, à medida que as medidas de confinamento foram retiradas, recuperar uma parte do terreno perdido no decurso do terceiro trimestre do ano. O PIB da zona euro perdeu 3,7% do seu valor no primeiro trimestre e 11,8% no segundo, tendo, a seguir, crescido 12,6% no terceiro trimestre. Em termos homólogos, a quebra situa-se em 4,4%. Esta retoma iniciada no terceiro trimestre, contudo, parece estar agora sujeito a uma interrupção nos últimos três meses do ano.

Num comentário aos dados agora publicados, o economista chefe da IHS Markit, Chris Williamson, assinalou que “a economia da zona euro voltou a um declínio severo em Novembro no meio dos esforços renovados para travar a subida da maré de casos de covid”, afirmando que os números agora divulgados “aumentam a probabilidade que a zona euro assista a uma nova contracção do PIB no quarto trimestre”.

Ainda assim, no meio destes resultados negativos relativos à evolução da actividade económica no final de 2020, regista-se, no inquérito realizado junto das empresas, uma melhoria das expectativas para 2021, que estão agora ao nível mais alto desde o início da crise. A perspectiva de uma aplicação relativamente rápida de vacinas e a antecipação de novas medidas de estímulo por parte do BCE na sua reunião de Dezembro são os motivos por trás deste maior optimismo.

Em Portugal, depois de uma diminuição do PIB de 4% logo no primeiro trimestre e de uma queda recorde de 13,9% no segundo, a economia portuguesa cresceu 13,3% no período entre Julho e Setembro. Feitas as contas, a variação do PIB no terceiro trimestre face ao mesmo período do ano passado é ainda de -5,7%.

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