2020 ainda tem (quase) Todas as Coisas Maravilhosas

Enquanto o mundo não implodir, explodir, ou seja lá o que 2021 nos vai trazer, peço apenas isto: lembrem-se que todos temos mais de 1000 coisas maravilhosas na vida. E mesmo com menos beijos e abraços, ainda nos podemos ver, ouvir, e rir juntos da desgraça. Ah! E vão ao teatro. Quando puderem, claro.

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Ivo Canelas em “Todas as Coisas Maravilhosas” DR

É um hino à simplicidade de ser feliz. Um hino ao amor. Um hino à dura realidade que é viver. É, acima de tudo, um hino que nos faz renascer a esperança que o melhor ainda está para vir. Obrigado, Ivo Canelas, esta peça — Todas as Coisas Maravilhosas — foi uma das coisas maravilhosas que posso acrescentar à minha lista.

Eu preciso do teatro e o teatro precisa de mim. Esta é a frase que pode ficar na tua mente enquanto lês o texto. O teatro precisa de nós pelas razões óbvias de sobrevivência e reforço da cultura nacional, mas este ano também nós precisamos muito dele. O teatro faz-nos rir e chorar mas mais importante é o teatro que nos faz pensar — e é o Ivo Canelas que anda a transportar essa missão.

Aproveito para prolongar aqui a minha salva de palmas e dizer, sem qualquer dúvida, que toda a gente precisa desta perspectiva de vida. De relembrar que a vida ainda tem tantas coisas boas, tantas que se as quisermos enumerar vamos ver que a covid-19 é só uma pequena chatice. Para quem já viu, isto pode ser nostálgico, para quem não viu, não quero ser spoiler. Vão ver, vale a pena!

Chorei a rir, mas também chorei de tristeza. Foi uma roleta russa de emoções. Não sou fã desse tipo de diversões, mas por esta, voltava ontem. A premissa é simples: uma criança num ambiente familiar muito complicado decide fazer uma lista de coisas maravilhosas. É tão bonito reviver as coisas mais simples da vida e recordarmo-nos que sim, são maravilhosas. Tudo o que cai na rotina perde valor. Seja amor, gelado, ou “fazer xixi ao ar livre”. Desculpem ser escatológico, mas foi a primeira coisa que fiz em solo suíço aos três anos. Pelas filmagens que há desse momento, tenho a certeza que fui muito feliz.

Portanto, este texto tem o simples intuito de nos fazer recordar que há muita beleza no meio do caos. Sentir a brisa ao pé do mar, andar a pé, sentir o vento frio na cara quando estamos bem quentinhos com roupa de Inverno, ver o nevoeiro matinal em Sintra. Estas são algumas das coisas maravilhosas que tenho na vida e, depois da peça, tenho a certeza de que estou grato por cada uma delas. Mesmo as mais simples, tal como andar a pé.

Enquanto o mundo não implodir, explodir, ou seja lá o que 2021 nos vai trazer, peço apenas isto: lembrem-se que todos temos mais de 1000 coisas maravilhosas na vida. E mesmo com menos beijos e abraços, ainda nos podemos ver, ouvir, e rir juntos da desgraça. Ah! E vão ao teatro. Quando puderem, claro.

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