Deb Haaland pode tornar-se na primeira mulher nativa-americana secretária do Interior

Equipa de Joe Biden diz que ainda não foi tomada nenhuma decisão para o Departamento do Interior, mas o Presidente eleito quer garantir que “as tribos tenham um lugar à mesa nos níveis mais altos do Governo federal”.

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Deb Haaland fez história em 2018 quando se tornou na primeira indígena eleita congresista, junto com Sharice Davis, do Kansas Reuters/POOL

Deb Haaland já fez história em 2018, quando foi eleita para o Congresso dos Estados Unidos junto com Sharice Davis, tornando-se nas primeiras indígenas eleitas congressistas no país. Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, a congressista democrata do Novo México pode mesmo vir a ser a primeira representante dos povos nativos americanos como secretária de Estado.

Segundo o New York Times, um grupo de democratas, de nativos-americanos e de activistas está a tentar convencer o Presidente eleito a nomear Deb Haaland para secretária de Estado do Interior. A acontecer, Biden colocaria alguém que descende dos povos que habitavam originalmente o território antes da chegada dos europeus com poder sobre mais de dois milhões de quilómetros quadrados de terras públicas. Além de ficar com a alçada das agências federais responsáveis pelo bem-estar dos povos indígenas.

O único senão da proposta prende-se com a inexperiência política da congressista, o que leva alguns conselheiros do Presidente eleito a manterem a hipótese de outros nomes, nomeadamente o de Michael L. Connor, outro nativo-americano com indubitavelmente maior experiência política. Connor foi subsecretário do Interior durante a Administração Obama, que Biden serviu como vice-Presidente. Michael Connor só perde para Deb Haaland em termos de popularidade.

Escolhendo um ou outro nome, Biden estará a tomar uma importante decisão simbólica para os povos indígenas da América do Norte, que desde a chegada dos europeus ao continente raramente experimentaram mais que sofrimento pelas decisões do Departamento do Interior.

“O Departamento do Interior foi a força motriz de um genocídio dos tempos modernos contra os povos nativos americanos”, afirma Elizabeth Kronk Warner, reitora e professora de Direito da Universidade de Utah, membro da tribo Chippewa de Sault Ste. Marie. “Estaríamos a sair da sombra de um genocídio perpetrado para ter lugar à mesa, de sermos classificados como um grupo de pessoas que o Governo federal queria destruir para passarmos a ter um Presidente a dizer: ‘Eu estou a vê-los e dou-lhes tanto valor que sou capaz de trazê-los para o mais alto nível da tomada de decisões no país’”.

Indagado pelo New York Times, Sean Savett, um dos porta-vozes da equipa de transição do Presidente eleito, afirmou que ainda não foi tomada qualquer decisão em relação ao Departamento do Interior, mas que “Biden irá assegurar que as tribos tenham um lugar à mesa nos níveis mais altos do Governo federal”.

Tanto Deb Haaland como Sharice Davis conseguiram ser reeleitas nas eleições do passado dia 3 de Novembro e passaram a contar com mais uma congressista indígena, Yvette Herrell - esta também eleita pelo Novo México, mas pelo Partido Republicano.

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