Estudantes querem levar a fisioterapia às regiões mais esquecidas do país
José Machado e Beatriz Miranda querem começar a dar consultas de fisioterapia numa carrinha. A ideia é percorrer as regiões mais esquecidas, no interior do país, onde não há acesso a clínicas. O projecto “Saúde Sobre Rodas: Um projecto Social” já lhes valeu um prémio.
Estudantes da Escola Superior de Saúde Santa Maria, no Porto, desenvolveram um projecto que visa, através de uma carrinha, prestar cuidados de fisioterapia nas regiões mais esquecidas do país e promover o envelhecimento activo, revelaram esta sexta-feira, 20 de Novembro, os responsáveis.
A pandemia da covid-19 “ainda não existia” quando José Machado e Beatriz Miranda, ambos finalistas do curso de fisioterapia da Escola Superior de Saúde Santa Maria, começaram a desenvolver o “Saúde Sobre Rodas: Um projecto Social”.
“Quando avançamos com a ideia ainda não existia a covid-19. Apostámos nesta solução porque gostamos muito da fisioterapia ao domicílio, mas não gostávamos do facto de termos de invadir a habitação do utente”, explicou, em declarações à Lusa, Beatriz Miranda, de 22 anos.
Sendo o lema “não invadir a casa dos utentes”, os jovens acreditam que o momento actual pode ser “uma janela de oportunidade” para o modelo de negócio que desenvolveram: uma carrinha de prestação de cuidados de fisioterapia. “O nosso objectivo é poder ajudar as pessoas que vivem no interior e não têm tanto acesso a clínicas de fisioterapia. Nesse sentido, a unidade móvel deslocar-se-ia às regiões mais desfavorecidas e esquecidas das cidades ou aldeias”, afirmou o jovem de 23 anos.
“Saúde Sobre Rodas” foi o vencedor da 11.ª edição do prémio AUA!, iniciativa que visa desafiar os jovens universitários a desenvolverem uma solução para uma área concreta e explorarem a sua vertente empreendedora. A distinção, no valor de sete mil euros, vai permitir que a ideia “não fique só no papel” e possa ser mostrado às autarquias, sendo esse o próximo objectivo dos jovens.
“Queremos mostrar o projecto às autarquias, porque o feedback que temos é muito bom. Poderemos dar um passo em frente e este projecto poderá fazer a diferença, ainda por cima no período pós covid-19”, referiu José.
Além da prestação de cuidados de fisioterapia, José e Beatriz acreditam que, tendo por base um inquérito realizado, a carrinha poderia albergar outro tipo de cuidados de saúde. “Realizamos um questionário e as lacunas mais identificadas foram rastreios de medicina dentária e consultas médias, algo que também poderíamos adicionar à unidade móvel, bem como cuidados de psicologia e enfermagem”, acrescentou Beatriz.
Os jovens, que pretendem complementar a sua formação com mestrado na área cardiorrespiratória e desporto, acreditam que apesar das “ambições serem distintas”, podem complementar-se.