50 anos de convergências

O acordo PSD/Chega reitera 50 anos de história das direitas: nem cordão sanitário, nem dique, nem coisa nenhuma impediu a convergência das direitas.

Não foi preciso esperar muito. Mal a direita clássica (PSD e CDS) precisou dos votos da extrema-direita para retomar o poder, aceitou imediatamente negociar com esta e, pudicamente sem a incorporar no governo (hoje o regional dos Açores, no futuro o da República), assumiu no seu programa aspetos tão simbólicos quanto a restrição radical de direitos sociais (reduzir para metade os beneficiários de RSI na região onde mais pessoas dele necessitam) e a revisão da Constituição! Apesar da contestação que alguma (se virmos bem, muito pouca) direita abriu contra a direção do PSD, não há novidade alguma nesta aliança. Desde que a Democracia-Cristã italiana fez eleger em 1971 um candidato presidencial, pela primeira vez desde 1945 com os votos dos neofascistas do MSI, e desde que as direitas escandinavas passaram a incluir na sua estratégia para expulsar a social-democracia do poder partidos da extrema-direita organizados em torno do mesmo ultraliberalismo económico do Chega, as direitas clássicas da Europa ocidental têm 50 anos de convergência com a extrema-direita –​ exatamente a mesma convergência que levou os fascismos ao poder nos anos 20 e 30.

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