Que legado quer deixar André Ventura? “Uma profundíssima reforma na justiça”

Candidato presidencial foi entrevistado na TVI e voltou a defender a quarta República e a reforma dos sistemas político e judicial.

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André Ventura, candidato presidencial do Chega Nuno Ferreira Santos

O candidato presidencial André Ventura, líder e deputado do Chega, deu esta segunda-feira à noite uma entrevista a Miguel Sousa Tavares, na TVI, e assumiu as suas três prioridades para o país: reformular o sistema fiscal, o sistema político e o sistema de Justiça. André Ventura insistiu que nunca escondeu ao que vinha. “Não quero fazer parte de nenhum governo em que o Chega não tenha a capacidade de mudar o Estado”, assumiu, garantindo que dentro de quatro, cinco ou seis anos o seu partido pode chegar ao poder e operar a “maior transformação do Estado a que alguma vez os portugueses assistam”.

Em relação a uma das suas três prioridades, a justiça, Ventura assegurou que esse é o legado que gostaria de deixar na política portuguesa. “Se me perguntar qual o legado que quero deixar, é uma profundíssima reforma na justiça. Não concebo que alguém mate a filha e a dê de comer aos porcos há sete anos [referência ao caso de Joana, a menina desaparecida em 2004] e já esteja cá fora”, disse o candidato, que deu ainda como exemplo o caso de um violador que em Portugal foi condenado a dois anos de prisão no dia em que outro, no Reino Unido, foi condenado a prisão perpétua.

“É aquilo que não sua tese chamava de populismo penal”, atirou Miguel Sousa Tavares. “Não acho que seja populismo penal. Se compararmos com outros países europeus, as penas em Portugal são uma brincadeira”, respondeu Ventura.

Muito pressionado pelo entrevistador relativamente às alcunhas que pôs a Ana Gomes e a Marisa Matias, André Ventura não retirou nada do que disse e concluiu. “Campanhas fofinhas já as tivemos durante mais de 40 anos. Os portugueses estão fartos de candidatos de plástico.”

Também não alterou o seu discurso sobre a comunidade cigana, que ocupou os primeiros minutos da entrevista. Depois de reconhecer que não ficava feliz se uma filha sua casasse com um cigano, Ventura sublinhou: “Não há comunidade tão subsidiodependente como a cigana. Não há comunidade com tantos problemas com a justiça como a cigana.” Pouco depois, repetiu que se sentiu ofendido quando o primeiro-ministro disse que o Chega é um partido racista e xenófobo. “E por isso agimos judicialmente”, justificou.

O entrevistador questionou André Ventura sobre uma frase que está habitualmente plasmada nos seus cartazes: “Somos contra o sistema”. “Afinal, contra que sistema é?”, quis saber Miguel Sousa Tavares. “Sou contra este sistema excessivamente parlamentarista que nós temos. Que vive com um excesso do número de deputados”, respondeu, insistindo que o PSD se comprometeu a descer o número de deputados na República e não só nos Açores.

Esta reforma do sistema político a que André Ventura se referiu inclui ainda a redução dos salários dos deputados. “Como é que eu posso dizer que um deputado é mal pago?”, questionou. E lembrou que o seu partido já defendeu um corte de 12,5% e que se algum dia chegar a uma posição de poder irá propor “a redução generalizada dos salários dos políticos”. 

Em matéria fiscal, outra das suas prioridades, André Ventura apelidou o IMI de “imposto absurdo" e lamentou que o IRS seja um imposto que vai penalizando quem trabalha mais, defendendo, por isso, uma taxa única de 15%, com deduções e isenções para quem ganha menos. “Este é um Estado um bocado ladrão, nesse aspecto”, desabafou, criticando que “em Portugal paga-se por tudo, até quando se morre”.

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