Como proteger as compras online durante a Black Friday?

Vem aí mais uma Black Friday e, desta vez, é expectável que as compras se concentrem online – e os roubos também.

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É sempre de desconfiar quando o único meio de pagamento disponível é o cartão de crédito Unsplash

Com o confinamento e o aumento de compras online, os riscos de ser enganado são maiores. A Visionware é uma empresa portuguesa que tem o seu foco na cibersegurança. E, criada há 15 anos, teve este ano mais procura do que nos 14 anos anteriores. A explicação, segundo Bruno Castro, CEO do projecto, está relacionada com os condicionalismos impostos pela pandemia: “Fomos todos obrigados a ir viver para o mundo digital e “fazemo-lo em casa, onde estamos mais vulneráveis”. “Em casa, por um lado, baixamos a guarda, por outro, temos mais distracções e estamos menos focados, o que nos pode levar a clicar num link ou abrir um e-mail de phishing.”

Certo é que, por estes dias, as tentativas de phishing aumentaram, até porque muitos negócios optaram por alargar as promoções da Black Friday de dia 27 a um período que se iniciou já no início do mês. “O que acontece é que quando se clica no link ‘errado’ abre-se uma porta para o nosso computador, num processo que vai recolher todo o tipo de informação”, detalha Bruno Castro. E, ao contrário do que sucede com os “vírus de guerra”, que visam revelar fragilidades de serviços ou de instituições, “os vírus de roubo são silenciosos”.

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Depois, continua o mesmo investigador, há o engodo de promoções fantásticas que, por estar a decorrer a Black Friday, muita gente não desconfia: “Ninguém vai torcer o nariz a uma promoção last minute. E, por vezes, até se usa o nome de uma empresa conhecida. Nestes casos, relata o especialista, o que acaba por se dar são dois roubos: o primeiro, com o dinheiro da venda, sendo que o produto nunca chega a quem o adquiriu, e, o segundo, com os dados do cartão de crédito — e estas informações são usadas no mesmo período em que há uma grande confusão de compras, tornando difícil o rastreamento em tempo real.

Estes exemplos não são novidade, mas, com praticamente toda a gente concentrada no fazer a sua vida online, mesmo sem conhecimentos para tal, esta Black Friday promete bater recordes no número de fraudes. “Para quem vive de roubar online é como roubar doces a crianças.”

A Associação Portuguesa de Bancos, que entretanto publicou um vídeo explicativo de como nos podemos proteger online, avança dados da SIBS sobre a Black Friday, alertando para o facto de, em 2019, ter representado “10% do total de compras online” e prevendo que se verifique, este ano, “um crescimento de 30% a 50% nas vendas durante este período”.

Entre as regras básicas para evitar cair na armadilha, Bruno Castro aconselha que os utilizadores do mundo digital adoptem a mesma postura que têm no mundo real, como não circular à noite sozinho por locais desconhecidos ou não falar com estranhos.

Além das duas ideias apresentadas, que considera essenciais, aconselha a desconfiar de promoções fantásticas que cheguem através das redes sociais ou de canais de comunicação como o WhatsApp e procurar informação sobre quem está a vender antes de efectuar quaisquer compras, através de uma pesquisa em qualquer motor de busca ou procurando dados em sites específicos, que avaliam a credibilidade de determinado endereço na web: casos do Urlvoid, ​do Talos ou do ThreatCrowd.

Além disso, refere, é sempre de desconfiar quando o único meio de pagamento disponível é o cartão de crédito: “Meios como o PayPal ou o MBWay obrigam ao pagamento de comissões; quem está a roubar não vai andar a gastar dinheiro nisso”, contextualiza.

Como evitar a fraude online

  • Não utilizar redes públicas (ex.: hotpots wifi);
  • Não abrir e-mails ou SMS de remetentes desconhecidos com promoções da Black Friday, seja no contacto pessoal, seja no corporativo;
  • Não clicar em links ou transferir documentos suspeitos;
  • Não clicar em anúncios online, optando por contactar as marcas pelos canais oficiais;
  • Não fazer compras através de redes sociais, sem validar a veracidade das marcas;
  • Não fazer compras em sites duvidosos, confirmando sempre o certificado SSL dos sites onde navega (identificado através do cadeado do lado esquerdo e referência HTTPS), tendo a consciência de que também estes elementos podem ser manipulados pelos criminosos;
  • Ser céptico em relação a ofertas particularmente excepcionais ou que pareçam feitas à sua medida;
  • Não ceder dados pessoais, nomeadamente aqueles que sejam particularmente sensíveis ou desnecessários à operação de compra a efectuar;
  • Optar por formas de pagamento seguras, por exemplo através de cartão temporário gerado pela MBWay ou transferências bancárias, evitando o registar dados bancários;
  • Ter atenção aos cupões que chegam por WhatsApp e redes sociais. Ser cuidadoso ao clicar em banners e pop-ups;
  • Opções de pagamento: Desconfiar sempre se o site aceita apenas cartão de crédito como forma de pagamento;
  • Guardar as provas que demonstram o que estava anunciado e a navegação pelo site e da própria compra;
  • Fixar um limite máximo para gastar numa compra; reduza o montante disponível nos cartões para os pagamentos online;
  • Limite as tentativas de transacção do seu cartão bancário;
  • Reduzir a quantidade de fundos nas contas bancárias ou utilizar um cartão pré-pago de débito para os pagamentos online;
  • Activar e utilizar sempre a autenticação de dois factores (Verified by Visa, MasterCard Secure Code, etc.).

Notícia actualizada com informação veiculada pela Associação Portuguesa de Bancos

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