Covid-19: PSP, GNR e SEF com mais de mil infectados

Dirigentes associativos referem 20 casos na Unidade Especial de Polícia de Lisboa e congratulam-se por intervenção da Linha de Saúde 24 na GNR.

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Acções policiais no primeiro dia do recolhimento obrigatório Nuno Ferreira Santos

No conjunto de três forças de segurança — PSP, GNR e SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) — são mais de mil os infectados pelo SARS-Cov-2 desde o início da pandemia, até à passada terça-feira, 3 de Novembro.

Os dados do Ministério da Administração Interna (MAI), a que o PÚBLICO teve acesso, revelam um total de 1042 casos, entre os quais há 658 recuperados e 384 activos, além de 749 outros profissionais que se encontram em isolamento profiláctico porque tiveram contacto com pessoas infectadas.

Entre estas forças de segurança, a PSP, a corporação mais numerosa e cuja acção se desenvolve em áreas densamente povoadas e mais sujeitas ao contágio pelo vírus, é a que regista mais casos: 209 doentes, 341 recuperados, no total de 550 casos, e 358 em isolamento profiláctico. Recorda-se que o director nacional da Polícia de Segurança Pública, Magina da Silva, esteve em quarentena em casa e assintomático, por ter tido um teste positivo.

Já a GNR, entre casos activos (151) e recuperados (307), soma 458 infectados, e mais 329 guardas em regime de isolamento profiláctico. Contudo, dados mais recentes e actualizados, referentes ao final do dia 4 de Novembro e fornecidos ao PÚBLICO pela direcção nacional da Guarda Nacional Republicana, referem já um total de 480 casos confirmados de covid-19, dos quais 309 recuperados.

Quanto ao SEF, a 3 de Novembro, havia um total de 34 casos – dez recuperados e 24 activos. E 62 agentes em isolamento profiláctico.

Em 14 de Maio, no balanço da Operação Páscoa, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, referiu que, àquela data, 163 agentes da PSP e militares da GNR estavam infectados e outros 500 em isolamento profiláctico.

A diferença do número actual de casos entre as duas principais forças de segurança, PSP e GNR, era esperada, pela dimensão de ambos os corpos e pelas áreas onde actuam. Aliás, a 17 de Abril o PÚBLICO noticiou que, então, o rácio de infectados na polícia e na guarda apontava para quatro vezes mais casos na PSP do que na GNR.

No mais recente relatório da PSP sobre a situação da pandemia naquela força de segurança, divulgado a 22 de Outubro, dava-se conta de um caso de infecção no pessoal de apoio da esquadra de Estremoz. Naquele comunicado, era referido que, a 21 de Outubro, todo o pessoal da esquadra fora submetido a testes, que as instalações haviam sido desinfectadas na manhã daquele dia e que estava disponível um posto móvel da PSP na cidade.

“De momento, não registamos constrangimentos operacionais em nenhuma outra subunidade, decorrendo normalmente toda a actividade da PSP”, especifica esta polícia numa nota enviada ao PÚBLICO. Do mesmo modo, é referida “a distribuição permanente de equipamento de protecção individual” e “a prática diária de desinfecção dos locais de trabalho e equipamentos de utilização comum”, como viaturas.

“Na Unidade Especial de Polícia [Corpo de Intervenção] de Lisboa tivemos um foco com 20 infectados na semana passada”, revelou nesta terça-feira, ao PÚBLICO, Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, referindo-se aos últimos dias de Outubro. O dirigente da ASPP/PSP refere que “há focos aqui e acolá, mas as coisas estão minimamente controladas”. No entanto, assume preocupação quanto aos equipamentos não-individuais, “tais como os coletes à prova de bala, que passam de mão em mão, sem desinfecção”.

Por seu lado, César Nogueira, da Associação de Profissionais da GNR (APG/GNR), distingue “um antes e um depois” de a Linha de Saúde 24 passar declarações. “Claro que não somos imunes, houve alguns erros de procedimento. Quem tivesse suspeitas tinha de contactar o Centro Clínico da GNR, que não conseguia responder. Ficava muito ao critério das pessoas. Ainda bem que o Governo decidiu o acesso à Linha de Saúde 24...”, comenta. “Denunciámos essa situação em Lordelo, Paredes, em que o comandante do posto não considerava as suspeitas, apenas os resultados dos testes”, recorda o dirigente associativo.

Quanto a situações mais graves, o responsável da APG/GNR enumera os seguintes casos: “O comando do Porto e a escola da Guarda, na Figueira da Foz, onde os instruendos que estavam a tirar o curso de sargentos passaram para ensino à distância.”

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