PSD quer testar, identificar e isolar em 24 horas todos os casos suspeitos de covid-19

Em nome do conselho estratégico nacional, o deputado Ricardo Baptista Leite apresentou um pacote de medidas de combate à pandemia, alicerçado em sete eixos prioritários.

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Ricardo Baptista Leite é vice-coordenador do Conselho Estratégico Nacional LUSA/MÁRIO CRUZ

O deputado e vice-coordenador do conselho estratégico nacional (CEN) do PSD, Ricardo Baptista Leite, apresentou esta quarta-feira um conjunto de propostas para o controlo e gestão da saúde no contexto da covid-19, alicerçadas em sete eixos que considerou prioritários, e disse que a aposta deve ser na realização de testes, identificação e isolamento em 24 horas de todos os casos suspeitos.

“É nossa convicção assente que Portugal não está a fazer o suficiente”, afirmou o deputado, em conferência de imprensa, no Porto, considerando que as sugestões do CEN se baseiam na informação que é pública e “partem do pressuposto de que o Governo está a fazer tudo para controlar a onda que está em crescendo”.

A aposta do PSD passa por “garantir a testagem maciça, proactiva e sistemática da população para SARS-Cov-2 e pelo isolamento das pessoas com infecções pelo SARS-Cov2 e os seus contactos”. As capacidades de testagem, o rastreamento e a identificação de contactos secundários e o isolamento dos infectados e suspeitos têm obrigatoriamente de estar plenamente funcionais e em máxima capacidade quando se levantarem as restrições em curso”, afirmou o deputado do PSD, destacando a importância de “reforçar todo o dispositivo de saúde pública com outros profissionais para a realização de inquéritos epidemiológicos”.

Ainda no âmbito do primeiro dos sete eixos — “Testar, identificar e isolar: uma prioridade” , o CEN propõe que se universalize um sistema online através do qual todos os infectados possam responder às perguntas regulares do inquérito epidemiológico, permitindo identificar situações de alerta e garantir que a Linha SNS 24 se mantém acessível para quem precisa”.

Em matéria de isolamento dos casos positivos e suspeitos, os sociais-democratas sugerem uma mudança de estratégia. No caso da doença ligeira ou moderada, propõem-se soluções diferenciadas: “Os hotéis (…) devem ser contratualizados de modo a acomodar aqueles que, tendo resultado positivo e não apresentando sintomas ou apresentando sintomas ligeiros, não têm capacidade de isolamento na sua habitação. Esta medida deve também ser extensiva aos “casos suspeitos (sem infecção confirmada) que não consigam garantir isolamento profiláctico, em condições adequadas”.

O documento elaborado pelo CEN dá alguma atenção aos lares e, nesse sentido, defende a criação de um mapa que contemple todos os lares legais e ilegais do país. “Este mapa deve associar um plano de intervenção para estas estruturas que não garantam qualidade de cuidados e deve ser de domínio público”, defendeu o deputado, que, ainda em relação aos lares, disse que deve haver “reforço do financiamento de modo a assegurar cuidados médicos e de enfermagem próprios, de modo a libertar profissionais dos agrupamentos de centros de saúde para a resposta necessária ao resto da população”.

O vice-coordenador do CEN apontou falhas à comunicação do Governo em matéria de pandemia, sugerindo um “plano de comunicação adequado”, e defendeu que se deve solicitar à Defesa Nacional que assuma a plena implementação de uma hierarquia de “comando e controlo” de todas as operações de prevenção e resposta à covid-19, em estrita articulação com a autoridade de saúde e a protecção civil.

Ricardo Baptista Leite afirmou que no âmbito do segundo eixo – sobre comunicação, qualidade e acessibilidade aos dados de informação – é necessário melhorar os dados publicados no boletim diário da DGS, incluindo infecções associadas a surtos e não-associadas a surtos e pede que os dados sejam totalmente públicos. Ao mesmo tempo, afirma que é preciso complementar a criação de “mapas municipais” com “mapas de risco” com base nas freguesias.

No eixo sobre a necessidade de mobilizar a sociedade, o PSD sugere a criação de equipas voluntárias em todo o território nacional para apoiar o esforço em curso. O deputado do PSD explicou que importa “contratar todos os profissionais capacitados e disponíveis em Portugal e noutros países, nomeadamente com formação em Cuidados Intensivos”, propondo também um “plano de identificação acelerada a todas as unidades de saúde de resposta de cuidados intensivos que tenham respostas ventilatórias), incluindo hospitais privados), diálise e pontos de oxigénio (incluindo cuidados continuados) por parte do SNS”.

Para o PSD, devem ser subcontratados “todos os serviços possíveis e não adiáveis durante a fase correspondente à crise, de modo a libertar o SNS para resposta à covid. Deve haver uma separação clara e pública dos hospitais que tratam covid e dos hospitais que não tratam covid”, defendeu, assumindo que é importante a criação de um sistema nacional que permita a gestão das camas na rede (enfermaria e intensivos)”. Ainda em relação a este quarto eixo – “Prevenir o esgotamento da capacidade de resposta do SNS” – o CEN entende que se devem libertar os médicos de família do acompanhamento telefónico dos doentes com covid-19” e “contratualizar médicos de medicina geral e familiar que possam assegurar o acompanhamento dos utentes sem médicos de família atribuído”.

“É urgente resolver o problema ao nível do atendimento telefónico dos centros de saúde (…) e investir em centrais telefónicas e tecnologia de gestão”, defende o PSD. Relativamente ao quinto eixo – “Proteger os profissionais nas linhas de resposta à covid-19” –, o PSD sugere a “criação de um consórcio nacional de empresas capazes de produzir material em quantidade e qualidade suficiente para responder às necessidades das unidades de saúde, corporações de bombeiros e forças de segurança”.

 “Vacinas e medicamentos contra a covid-19” e “Plano de acção – monitorizar restrições e preparar os períodos pós-confinamento e pós-pandemia” são os outros eixos considerados prioritários pelo CEN.

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