“Pátria que respeita as suas Forças Armadas é pátria que se respeita e que se dá a respeitar”, diz Marcelo

Presidente da República critica a falta de respeito pela verdade na vandalização de estátua aos heróis do Ultramar em Coimbra.

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Presidente da República durante a sua intervenção LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

No 102.º aniversário do Armistício, comemorado na manhã desta quarta-feira no Forte do Bom Sucesso, em Belém, junto ao monumento de homenagem aos militares que combateram na guerra colonial, o Presidente da República destacou, em tempo de pandemia, os que combatem nestas batalhas internas. 

“Este é o dia dos combatentes de Portugal, dos combatentes da fundação, da saga de atravessar oceanos, da restauração da independência, do inferno da Grande Guerra, de quase década e meia em África, das missões de paz e humanitárias, dos combatentes das batalhas internas pela segurança e bem-estar do povo português, como nesta pandemia em que ajudam nas escolas, lares e comunidades”, realçou Marcelo Rebelo de Sousa.

Perante o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, a secretária de Estado dos Recursos Humanos e Antigos Combatentes, Catarina Sarmento e Castro, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro e as chefias dos três ramos, o Presidente referiu as situações de calamidade e emergência suscitadas pela covid-19.

Recorda-se que, actualmente equipas das Forças Armadas participam em missões de sensibilização e prevenção nos lares, depois de o terem feito em escolas e em prisões. Além deste envolvimento, nos pólos do Norte e Lisboa do Hospital das Forças Armadas e no Hospital Militar de Belém têm aumentado o número de camas para doentes covid-19, o Laboratório Militar continua a produzir gel desinfectante, depois de numa primeira fase ter montado testes, e a logística militar tem participado na distribuição do mais diverso material.

Por fim, militares desenvolveram um novo modelo matemático que está a ser utilizado na gestão de camas na Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, passando o tempo útil de previsão de quatro dias para duas semanas. Uma equipa de três militares está colocada e a assessorar esta ARS. 

“Como sinal de gratidão pelo vosso empenho, a cerimónia de hoje tinha de ser realizada”, considerou o Presidente, reconhecendo, no entanto, que as comemorações decorreram em termos simbólicos. Marcelo referiu-se à situação dos antigos combatentes, como já fizera em discursos anteriores, congratulando-se com a recente aprovação do Estatuto do Combatente e o que classificou como esboço da sua aplicação. “O Governo e as chefias militares devem continuar a ter presente a prioridade dos recursos humanos”, alertou.

O Presidente da República fez, ainda, uma dura critica a comportamentos que, sublinhou, têm de ser reparados. “A falta de respeito pela verdade, a vandalização de um monumento em Coimbra dedicado aos heróis do Ultramar que cumpriram uma missão que não tinham decidido, que lhes tinha sido cometida e que assumiram como compromisso colectivo prosseguir”, referiu.

“Ao vandalizar-se um monumento surgiram acusações de assassinos a sacrificados em longas campanhas de abnegação colectiva e pessoal”, protestou. “Pátria que respeita as suas Forças Armadas é pátria que se respeita e que se dá a respeitar”, concluiu.

Paralelamente ao 102.º aniversário do Armistício de 11 de Novembro de 1918 que pôs fim à Grande Guerra, nesta quarta-feira a Liga dos Combatentes fez 99 anos e são passados outros 46 do fim da Guerra Colonial, em 1974, depois da Revolução do 25 de Abril.

O Armistício foi assinado em Le Francport, perto de Compiégne, pelo comandante supremo Aliado, marechal francês Ferdinand Foch. Os seus termos entraram em vigor às 11 horas da manhã e, embora não fosse formalmente uma rendição, pôs fim às hostilidades com a derrota da Alemanha.

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