5G e a recuperação da Europa

Neste momento devemos escolher entre colocar o 5G por absoluto no centro da recuperação económica da Europa ou permitir que a Europa se atrase, ao ficar atolada numa transição lenta e fragmentada

5G e a recuperação da Europa: ocasião para uma mudança fundamental

Os líderes europeus foram admiravelmente ousados ​​na resposta à crise da covid-19. Têm demonstrado determinação para garantir uma reconstrução da Europa, de forma resiliente e fortalecida. E reconheceram a importância de facilitar a transição conjunta a longo prazo para uma Europa digital mais sustentável. O discurso da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o Estado da União, mostrou uma forte ambição. À medida que a Europa traça o caminho para a recuperação, a Ericsson acredita que é preciso reconhecer que a rápida implementação de 5G, a maior plataforma de inovação disponível, de todos os tempos, tem um papel crucial a desempenhar.

Preparar as empresas, recuperar as regiões rurais

Os benefícios do 5G vão muito além da conectividade de melhor qualidade para os consumidores. Na verdade, referem-se principalmente à transformação da produtividade em todos os sectores, permitindo às PME inovar e crescer, optimizando os serviços públicos e contribuindo para conectar as economias rurais.

A escala dos benefícios potenciais foi percepcionada por uma nova pesquisa da Analysys Mason, desenvolvida pela Ericsson e pela Qualcomm. A mesma demonstra que a transformação digital apta para 5G pode trazer benefícios económicos líquidos para a Europa no valor de €162 mil milhões. Esses benefícios surgiriam de quatro grupos fundamentais: produção (principalmente fábricas inteligentes); rural (agricultura inteligente e acesso fixo sem fios); urbano (principalmente construção inteligente); e serviços públicos (edifícios públicos inteligentes). No caso de Portugal, a pesquisa mostra que, com as políticas públicas certas, os serviços 5G podem gerar um benefício líquido de mais de 1000 milhões de euros para o país.

Posição inicial da Europa

O prémio é claro. No entanto, a Europa está fora do ritmo quando se trata de liderança global em conectividade. Analisando a penetração da fibra: em 2019, a média da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – para conexões de fibra para banda larga fixa total era de 29%, mas algumas nações europeias, incluindo França (19%), Itália (2,4%) e Alemanha (1,3%) estavam todas abaixo desses dados.

O quadro é semelhante com a penetração do 4G: em 2019, o 4G como percentagem do total de assinaturas era de apenas 42% na Europa Central e de Leste e 69% na Europa Ocidental, em comparação com 88% no Nordeste da Ásia e 91% na América do Norte. Isso, por sua vez, teve um impacto nas velocidades médias de download móvel, com países como a Suécia, Alemanha, França, Espanha, Itália e Reino Unido, fora do leque dos 20 principais países do mundo.

Analisando especificamente o 5G, a partir do quarto trimestre de 2019, apenas 1% dos sites 4G foram actualizados para 5G na UE27, em comparação com 98% na Coreia do Sul e 7% nos EUA. Na verdade, a China terá implementado mais sites 5G nos primeiros nove meses deste ano do que o número total de sites móveis na Europa actualmente. Apenas 12 Estados-membros têm roteiros 5G e apenas 25,5% do espectro 5G foi lançado na Europa. Em 2025, o investimento da Europa Ocidental em 5G deve representar apenas 9% do total global, em comparação com 7% na Coreia do Sul, 23% nos EUA e 45% na China.

Melhor reconstrução com banda larga

Perante esta evidência, é claramente o momento de a Europa acelerar a sua transformação digital e a implementação do 5G. E reconstruir com mais força a partir da covid-19 é uma excelente oportunidade para fazê-lo. Na Ericsson, a Europa é líder global em 5G. A empresa foi a primeira a implementar 5G em quatro continentes, incluindo a Europa. Estamos comprometidos em desempenhar um papel total na concretização da transformação digital da Europa e em trabalhar com governos e outras empresas para o conseguir.

Agora é ocasião de a Europa definir metas muito ambiciosas de transformação digital como peça central da sua estratégia de recuperação económica. Objectivos que vão muito além dos negócios habituais, comparando-nos com os melhores do mundo. Para corresponder a essa ambição com uma intervenção política direccionada para acelerar a implementação do 5G e garantir que nenhuma fracção da economia europeia ou da sociedade europeia seja deixada para trás - como a Presidente da Comissão reforçou no seu discurso -, especialmente os 40 por cento de pessoas nas áreas rurais que ainda não têm acesso a conexões rápidas de banda larga.

Resumindo, neste momento devemos escolher entre colocar o 5G por absoluto no centro da recuperação económica da Europa ou permitir que a Europa se atrase, ao ficar atolada numa transição lenta e fragmentada.

Rumo a uma “década digital"

Para recuperar o atraso e fazer desta a “década digital” da Europa, precisamos de um novo acordo digital para alinhar os objectivos dos sectores público e privado e alcançar as transformações digitais e verdes de que tanto necessitamos. No nível dos países membros, a chave para o sucesso é o forte apoio do sector público para a rápida difusão e aceitação do 5G. O verdadeiro poder financeiro, na forma de maior financiamento público, também deve fazer parte deste mix.

O discurso da presidente compromete um quinto do financiamento da próxima geração da UE à transformação digital da Europa. O estudo da Analysys Mason mostra que gastar 18 mil milhões de euros em 5G poderia demonstrar todo o seu potencial - desde a melhoria da conectividade em áreas rurais, até hospitais e carros aptos para o 5G.

Esta é uma oportunidade que a Europa não pode perder. Nas próximas semanas, estamos ansiosos para conversar com os legisladores em todo o continente sobre como pode a Europa concretizar rapidamente todo o potencial do 5G. Na Ericsson, estamos empenhados em contribuir para uma Europa (e inevitavelmente Portugal) mais verdes e sustentáveis, digitais e mais inclusivos.

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