Estátua de homenagem a pioneira britânica do feminismo foi vestida como forma de protesto

A escultura irritou feministas e outros críticos que consideram que a figura nua atrai a atenção para o corpo feminino em vez de homenagear as conquistas e influência de Mary Wollstonecraft.

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Reuters/PAUL CHILDS
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Uma estátua feminina nua recentemente colocada em Londres e que é uma homenagem à pioneira feminista Mary Wollstonecraft foi alvo de crítica por parte de inúmeros desconhecidos. Na estátua, já foi colada fita preta nos seios e região púbico, também já foi tapada com máscaras cirúrgicas e, mais recentemente, foi-lhe vestida uma T-shirt.

A escultura da artista britânica Maggi Hambling, revelada na terça-feira, irritou feministas e outros críticos que consideram que a figura nua atrai a atenção para o corpo feminino em vez de homenagear as conquistas e influência da intelectual do século XVIII. Uma das justificações é que os homens que são retratados ou esculpidos não aparecem nus, mas vestidos. A artista respondeu que a sua intenção foi a de se afastar da tradição da “estatuária heróica masculina” para criar algo intemporal, não histórico.

Uma imagem da estátua com fita adesiva e máscaras circulou nas redes sociais na noite de terça-feira. Na manhã de quarta-feira, tudo foi removido, mas Paul Childs, fotógrafo da Reuters, testemunhou o acto de duas mulheres que decidiram cobrir a figura com uma T-shirt e deixaram um cartaz ao lado do pedestal.

O cartaz exibia uma citação do livro de Wollstonecraft, de 1792, A Vindication of the Rights of Woman (em português, Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher, que é uma das primeiras obras sobre feminismo), onde se lia: “Fortaleça a mente feminina ampliando-a, e haverá um fim à obediência cega.”

Fundida em bronze prateado, a escultura retrata uma pequena figura feminina nua com um físico convencionalmente belo surgindo de uma figura abstracta muito mais alta que lembra um redemoinho vertical.

Discussões em torno da estátua

Pouco depois de as duas mulheres taparem a estátua com uma T-shirt, uma terceira mulher retirou a peça de roupa com a ajuda de um pau. As pessoas começaram a juntar-se, discutindo sobre o tema, testemunhou a Reuters.

A escritora feminista Caroline Criado Perez, que fez campanha para que fosse erguida uma estátua Millicent Fawcett, sufragista do século XIX, na Praça do Parlamento, considera que esta nova escultura é um “desrespeito” para com Wollstonecraft.

Caitlin Moran, autora de How To Be a Woman, um best-seller, mostrou a sua fúria no Twitter, argumentando que definir “com tamanha regularidade uma mulher como sexy e nua” só reforça os estereótipos em torno do género feminino. 

Simon Schama, autor de vários bestsellers de história, escreveu: “Sempre quis um belo monumento para Wollstonecraft. Não é isto.”

Mas a estátua também tem os seus defensores, que não apenas a autora. A historiadora cultural Fern Riddell considera que aquela é uma referência sobre “como as mulheres são criadas em imagens que nunca se relacionam com seus pensamentos”, acrescentando que cada um pode interpretá-la como quiser.

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