Santander disponível para ouvir Santa Clara

Após ter executado parte da dívida de 5,4 milhões de euros, banco suspende penhoras, mas quer compromissos claros e céleres dos dirigentes para evitar novos incumprimentos

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Santander quer respostas rápidas da SAD do Santa Clara LUSA/PAULO NOVAIS

Depois de ter executado, em Setembro deste ano, parte de uma dívida de 5,4 milhões de euros da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Santa Clara, o Santander mostrou-se esta quarta-feira disponível para ouvir as propostas de regularização da dívida da entidade açoriana, antes de avançar para as anunciadas penhoras. Mas as mesmas terão de ser feitas de forma célere. Em causa está o incumprimento da SAD do pagamento de duas prestações relativas a Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020, referentes a dois empréstimos no valor global de 2,180 milhões de euros.

Entre outras acções, o banco preparava-se para avançar com a penhora do passe do jogador Zaidu, transferido em Agosto deste ano para o FC Porto, a troco de quatro milhões de euros, mas a disponibilidade demonstrada pelos responsáveis da SAD para renegociar o pagamento da dívida, levaram, para já, à suspensão da medida. O mesmo acontecerá em relação às verbas provenientes dos direitos televisivos.

“Estamos hoje, como estivemos no passado, sempre disponíveis para encontrar soluções de acordo e de consenso que levem ao cumprimento das obrigações e que não impliquem acções mais drásticas”, explicou esta quarta-feira ao PÚBLICO João Paulo Velez, director de Comunicação e Marketing Corporativo do Santander Portugal. “Mas para que isto aconteça, é preciso que haja rapidamente passos efectivos e compromissos muito concretos para evitar outras atitudes por parte do banco”, alertou.

“Se não houver esse compromisso muitíssimo claro e célere em relação ao cumprimento das obrigações, não nos restará outra alternativa”, reiterou o responsável do Santander, referindo que já houve outros incumprimentos anteriores por parte da SAD do Santa Clara, que implicaram renegociações do pagamento da dívida.

A dívida já havia sido executada pelo Banif – que seria adquirido pelo Santander no final de 2015, após ser intervencionado pelo Estado - em 2013, acabando por se chegar a um acordo no ano seguinte, quando estava em funções a anterior administração da SAD, então presidida por Mário Baptista. Um acordo que voltaria a não ser respeitado.

A 22 de Abril de 2015, renegociou-se o pagamento, com o banco a impor também a cedência de metade dos valores resultantes de transferências de jogadores e metade da verba entregue pelo Governo Regional dos Açores, de um milhão de euros por temporada, pela promoção turística da região. Duas exigências que nunca seriam igualmente cumpridas.

Rui Cordeiro não é penhorado

Por lapso na interpretação da informação recolhida, o PÚBLICO anunciou esta terça-feira que as contas dos actuais dirigentes da SAD também seriam alvo de penhoras por parte do Santander, mas tal não irá ocorrer. As penhoras, que já foram executadas, tiveram como alvo os anteriores dirigentes da SAD, pela sua condição de avalistas dos empréstimos. O actual presidente, Rui Cordeiro não foi penhorado, até porque não é avalista em qualquer destes empréstimos.

Durante uma conversa com o PÚBLICO em Outubro, o actual presidente da SAD anunciou que pretendia propor um acordo ao Santander, com pagamentos anuais de 500 mil euros num prazo de 10 anos, libertando ainda “10% a 15% do valor líquido das transferências de jogadores”. Algo que só será possível, como assumiu o presidente da SAD, se a equipa se mantiver no principal escalão do futebol português, onde estão concentradas as principais receitas, nomeadamente ao nível dos direitos televisivos.

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