Mulheres na liderança? Os jovens são mais preconceituosos do que os mais velhos

O Índice de Reykjavik para Liderança foi lançado por um grupo de mulheres políticas em 2018 para observar as atitudes em relação às mulheres líderes na indústria, governo e outras funções.

Foto
Jacinda Ardern foi recentemente reeleita na Nova Zelândia Fiona Goodall/Reuters

De Jacinda Ardern, na Nova Zelândia, a Angela Merkel, na Alemanha, as mulheres líderes têm recebido elogios pela forma como estão a lidar com a crise da covid-19. Ainda assim, mais da metade dos homens não estão convencidos dos benefícios de ter uma mulher aos comandos, revela um estudo sobre índices de liderança, levado a cabo pela empresa de sondagens Kantar.

A sondagem mostra que 52% dos inquiridos que fazem parte do G7 — 46% dos homens e 59% das mulheres — respondem que se sentem “muito confortáveis” com uma mulher como chefe do seu governo. Embora seja um aumento de seis pontos em relação a 2019, o chamado Índice de Reykjavik para Liderança não mostra nenhuma mudança nas atitudes quando aos inquiridos foi perguntado se homens e mulheres são igualmente adequados para cargos de liderança na política e nos negócios.

“Não quero condenar, mas não podemos presumir que a igualdade entre homens e mulheres caminhe na direcção certa”, aponta Michelle Harrison, CEO da divisão pública da Kantar e co-fundadora deste índice. “Fizemos um enorme progresso (desde a década de 1950), mas agora nada nos diz que estamos numa era de mudanças. Pode ser o contrário “, acrescenta, alertando que a pandemia pode empurrar as mulheres para papéis mais tradicionais.

Os investigadores ficaram particularmente surpreendidos ao descobrir que os jovens são mais preconceituosos do que as gerações mais velhas em relação às mulheres em papéis de destaque, com as maiores diferenças na Grã-Bretanha, Alemanha e França.

O estudo entrevistou 23.000 pessoas em todo o G7 — Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos —, bem como Índia, Quénia e Nigéria, dando a cada país uma classificação de 0 a 100. Grã-Bretanha e Canadá ficaram no topo com 81, contra 73 e 77 no ano passado, mas a pontuação geral dos países do G7 permaneceu inalterada em 73, puxada para baixo pela Itália, Japão e Alemanha, que caíram três posições para 66. A Nigéria ficou em último lugar com 47.

O estudo conclui que os jovens rapazes são significativamente menos progressistas do que as mulheres na maioria dos países, com uma diferença particularmente pronunciada na Itália e na Alemanha.

A Grã-Bretanha, que teve duas primeiras-ministras mulheres, Margaret Thatcher e Theresa May, liderou a lista com 69% dos entrevistados afirmando que seriam, em comparação com 38% no Japão. Nos Estados Unidos, onde Kamala Harris se tornará a primeira mulher vice-presidente do país após a vitória do democrata Joe Biden nas eleições, 62% dos entrevistados disseram que se sentiriam “muito confortáveis” com uma líder mulher.

O Índice de Reykjavik para Liderança foi lançado por um grupo de mulheres políticas em 2018 para observar as atitudes em relação às mulheres líderes na indústria, governo e outras funções. Examinando 23 sectores, mostrou que as pessoas eram mais positivas sobre ter mulheres líderes em média e entretenimento, ciências e economia. Houve menos apoio para as mulheres ocupando cargos importantes em jogos, fabrico de automóveis, defesa e policiamento.

Sugerir correcção