Azerbaijão anuncia controlo da segunda cidade do Nagorno-Karabakh

Autoridades arménias negam e dizem que a cidade “resiste”, mas nas ruas de Bacu já se celebrava o “dia histórico” para o Azerbaijão.

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A cidade de Shushi/Shusha depois de um ataque há duas semanas EPA/HAYK BAGHDASARYAN /PHOTOLURE
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O Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, falando este domingo ao país Reuters/OFFICIAL WEB-SITE OF PRESIDENT O

O Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, anunciou este domingo que as suas forças tinham tomado Shusha, a segunda maior cidade do enclave arménio do Nagorno-Karabakh, levando muitas pessoas a celebrar na capital azerbaijana, Bacu. 

Ainda assim, responsáveis arménios negaram que a cidade, a que chamam Shushi, tivesse sido tomada. A cidade tem grande importância cultural e estratégica, e está a apenas 15 km a sul da maior cidade do enclave, Stepanakert.

Em quase seis semanas de conflito morreram já pelo menos mil pessoas no território montanhoso do Nagorno-Karabakh, território internacionalmente reconhecido como parte do Azerbaijão, com população maioritariamente arménia e controlado por separatistas arménios.

Esta cidade poderia ser chave na estratégia de um ataque à maior cidade de Stepanakert. Ambas têm estado sob ataque, com alegações de que têm sido atingidas zonas civis — uma acusação que o ministro da Defesa do Azerbaijão rejeita.

O analista Thomas de Waal, do Carnegie Endowment for International Peace, nota que a população da cidade de Shusha/Shushi era predominante azerbaijana antes do conflito anterior, tornando-a historicamente significativa para o Azerbaijão. Para os arménios, é importante porque é onde está a catedral de Karabakh. 

“Este dia vai tornar-se um grande dia na história do Azerbaijão”, disse Aliyev, anunciando a tomada da cidade, e levando uma série de pessoas às ruas da capital, Bacu, para celebrar, buzinando nos carros, agitando bandeiras e entoando palavras de ordem.

Responsáveis arménios da zona e o ministério da Defesa da Arménia reagiram dizendo que se tratava de desinformação. “Shushi continua um sonho inatingível para o Azerbaijão. Apesar da grande destruição, a cidade-fortaleza resiste aos ataques no inimigo”, disse o Serviço de Resgate da região.

O enclave é disputado pelo Azerbaijão e pela Arménia desde o fim da União Soviética em 1991. Nesse ano começou a guerra violenta que levou à morte de mais de 30 mil pessoas até um cessar-fogo em 1994.

O mais antigo conflito europeu “sem solução” reacendeu-se algumas vezes antes desde então, mas a mais grave escalada aconteceu agora, desde o final de Setembro, com a Turquia a incentivar Bacu a recuperar o território e a Rússia a manter-se do lado dos arménios.

A Amnistia Internacional já disse que os dois lados mostram “um desrespeito chocante pela vida e pelas leis da guerra”, acusando ambos de usar armas pesadas e pouco precisas em zonas residenciais, incluindo bombas de fragmentação, armas banidas pela sua enorme área de alcance e pelo facto de largaram centenas de minibombas, muitas das quais ficam por explodir e podem ser mais tarde confundidas com brinquedos.

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