Euribor a seis meses completa cinco anos em terreno negativo sem sinais de inversão

Contratos de futuros sobre a taxa Euribor a três meses apontam para valores negativos nos próximos cinco anos, mas as circunstâncias podem mudar.

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Taxas de juro baixas têm incentivado a compra de casa NELSON GARRIDO

A 6 de Novembro de 2015, há precisamente cinco anos, a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada no stock de crédito à habitação existente em Portugal, estreava-se em valores negativos (-0,002%). Desde aí, foi atingindo sucessivos mínimos históricos, fixando-se esta sexta-feira em -0,512%. E já esteve mais baixa, a -0,521%, verificado a 30 de Outubro.

A queda tem sido muito acentuada, especialmente quando comparada com o máximo desta taxa, de 5,431%, verificado a 10 de Outubro de 2008, em plena crise financeira internacional, um subida que fez disparar os encargos das famílias, levando muitas a “entregar” as casas aos bancos.

A descida abaixo de zero verifica-se também nos outros dois prazos utilizados nos empréstimos para a compra de casa, o de três e de 12 meses.

Os contratos de futuros no prazo a três meses apontam para valores negativos durante mais cinco anos, ligeiramente acima dos níveis actuais. Mas a expectativa de evolução da Euribor a três meses, a única onde existem contratos de futuros, pode alterar-se, em função da política monetária do Banco Central Europeu e da evolução da economia em geral e da zona euro em particular. Esta taxa completou cinco anos em terreno negativo em Abril do corrente ano.

A 12 meses, o prazo mais longo da taxa, e praticamente o único a ser utilizado nos créditos mais recentes por ser o mais elevado, só completará cinco anos no “vermelho” em Abril do próximo ano. Esta taxa está em -0,483%, contra o actual mínimo de -0,489%, registado em 30 de Outubro.

Os valores negativos daquelas taxas têm permitido a centenas de milhares de famílias pagar menos juros, uma parte delas a não pagar qualquer valor de juros e muitas a receber mesmo alguma compensação por parte dos bancos.

Isso porque o valor negativo da taxa acaba por reduzir o spread ou a margem comercial do banco, ou mesmo a anular todo esse valor, o que, por determinação do Banco de Portugal, obriga o banco a compensar o cliente pelo valor negativo que resultar dessa equação.

Para além da forte redução dos encargos com juros, o actual valor das taxas Euribor apresenta outra vantagem para as famílias, que é a de estarem a amortizar mais capital, ou seja, a reduzir o montante em dívida mais depressa. Uma situação positiva num cenário de subida das taxas, que incidirão sobre menos capital por amortizar.

As baixas taxas de juro e uma descida muito significativa dos spreads praticadas pelos bancos, abaixo de 1% em alguns, ou encostados a esse patamar na maioria, tem incentivado a compra de casa própria.

Mas há um reverso da medalha. A queda das Euribor praticamente anulou a remuneração dos depósitos a prazo, tendo ainda influência noutros produtos financeiros.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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