Outono e estado de calamidade agravam perdas na restauração e alojamento

AHRESP diz que dados do inquérito mostram que “a facturação do mês de Outubro foi devastadora”, e que são precisos novos apoios, no imediato, para ajudar as empresas a manter os seus negócios e empregos.

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70,1% dos associados reportaram uma quebra na facturação superior a 80% rui gaudencio

Com o fim do Verão e a declaração de estado de calamidade a nível nacional (no dia 15), no mês de Outubro assistiu-se a um agravamento das perdas nos sectores da restauração e alojamento. De acordo com os dados do inquérito mensal feito pela Ahresp, 70,1% dos associados que responderam registaram uma quebra na facturação, em termos homólogos, superior a 80%, quando em Setembro esse peso era de 63,1%. Já no alojamento, 48,6% dos inquiridos reportaram perdas homólogas acima dos 80%, quando em Setembro esse indicador estava nos 40,1%.

Em comunicado, a AHRESP diz que “a facturação do mês de Outubro foi devastadora”, e que os resultados do inquérito “confirmam o desespero das empresas e demonstram enormes dificuldades em conseguir manter os negócios e os postos de trabalho, caso não surjam apoios imediatos”.

Na restauração, diz esta associação, “cerca de 14% das empresas não conseguiram efectuar o pagamento dos salários” e “11% só o fez parcialmente”. Desde o início da pandemia, em Março, “47% das empresas já efectuaram despedimentos” e “cerca de 23% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano”.

No sector do alojamento turístico, a Ahresp destaca que 23% das empresas não registaram qualquer ocupação no mês em análise e 30% teve uma ocupação máxima de 10%. Para os meses seguintes, as perspectivas são ainda piores, com 57% dos inquiridos a apontarem para uma ocupação zero nos meses de Dezembro e de Janeiro.

Neste caso, “cerca de 21% das empresas não conseguiram efectuar o pagamento dos salários em Outubro e 9% só o fez parcialmente”, tendo 27% feito já despedimentos, com outros 15% a assumir que não vão manter todos os postos de trabalho actuais. Citando os últimos dados do INE, referentes ao mercado do trabalho no terceiro trimestre deste ano, a associação sublinha que “a restauração e o alojamento perderam 49.200 postos de trabalho face ao mesmo período de 2019”.

“Com as novas restrições em grande parte do território português”, destaca a Ahresp, “o funcionamento das actividades económicas será necessariamente agravado, sendo por isso ainda mais urgente a disponibilização de medidas para estes sectores”.

A Ahresp apresentou uma lista de dez medidas para proteger e dinamizar a restauração e o alojamento, incluindo a descida temporária do IVA para a taxa mínima de 6%. De acordo com um estudo feito pela PwC a pedido desta associação, a redução da taxa durante um ano - a análise incidia sobre 1 de Outubro até ao final de Setembro de 2021 - faria com que o IVA liquidado fosse reduzido entre 606 e 732 milhões de euros. Com isso, defende-se, seria possível injectar liquidez e permitir “a manutenção de 35 a 46 mil postos de trabalho e sete a dez mil empresas”.

Entre as dez medidas está também a ideia de um incentivo não reembolsável, correspondendo a 50% da quebra de facturação registada em cada um dos meses até ao final de 2021, e a aplicação do layoff simplificado também até Dezembro de 2021, com a inclusão dos sócios-gerentes. Neste último caso, defende que o acesso deve ser directo, “sem necessidade de aferir níveis de quebras de facturação”.

De acordo com a Ahresp, os sectores da restauração e bebidas e do alojamento turístico representam 119 mil empresas e 400 mil postos de trabalho directos.

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