Lucro da Caixa cai 39% para 392 milhões até Setembro

Banco público reforçou imparidades em 220 milhões de euros por antecipação dos efeitos da pandemia covid-19. Paulo Macedo disponível para segundo mandato à frente do banco

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Presidente da CGD, Paulo Macedo, na apresentação dos resultados da instituição até Setembro LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) fechou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido consolidado 392 milhões de euros, menos 39% do que em igual período de 2019, anunciou esta quinta-feira a instituição que, como outros bancos, reforçou preventivamente de imparidades e provisões para impactos da pandemia de covid-19. A rentabilidade dos capitais próprios (Roe) caiu para 6,6%, enquanto os rácios de capital ficaram em 17,2% e 19,8%.

De acordo com a informação divulgada, os resultados líquidos foram positivamente impactados por “um resultado extraordinário de 51 milhões de euros (depois de impostos) decorrentes de ganhos actuariais nas responsabilidades com benefícios pós-emprego (fundo de pensões e plano médico)”. Sem o qual, adiantou a instituição, o resultado corrente foi de 342 milhões de euros, o que corresponde a uma redução de 29% na comparação homóloga.

Mas os resultados também foram negativamente afectados “pelo reforço de imparidades e provisões em 220 milhões de euros por antecipação dos efeitos da pandemia covid-19, refere a instituição liderada por Paulo Macedo, acrescentado que por essa razão, “o custo de risco de crédito atingiu 0,29%”. Em conferência de imprensa a decorrer na tarde desta quinta-feira, o CEO da CGD confirmou que as provisões resultantes da crise provocada pelo covid-19 subiram de 156 milhões para 220 milhões de euros.

O stock actual de moratórias na CGD é de 5,65 mil milhões, tendo caído, entre 30 de Julho e 30 de Outubro, 1,2 mil milhões (550 milhões são fruto da decisão de um grande cliente). Em termos gerais o total de moratórias activas representa 13% da carteira total de crédito do grupo estatal.

Com evolução descendente estiveram os custos de estrutura recorrentes, registando uma redução de 6% face aos primeiros nove meses de 2019, “reflectindo uma melhoria nos níveis de eficiência evidenciada pelo rácio cost-to-income recorrente de 49% na actividade doméstica”.

No período, os depósitos de clientes aumentaram 5,3 mil milhões de euros, impulsionados pelo aumento da taxa de poupança das famílias no contexto da crise pandémica. Já o stock de crédito bruto cresceu apenas 1%, com o banco a salientar que nos primeiros nove meses contabilizou 14.033 operações de crédito à habitação no mercado doméstico, no total de 1.554 milhões de euros, mais 4% que em 2019.

Aos jornalistas, Paulo Macedo destacou que se verifica uma tentativa dos clientes em aproveitar a dinâmica das taxas de juro efectivas negativas para apostar no crédito à habitação.

A CGD tinha, no início de ano, um stock de imóveis para vender de 560 milhões, vendeu 60 milhões e espera acabar 2020 com 450 milhões de euros. 

Em relação aos apoios às empresas, a CGD não detecta por enquanto níveis de incumprimento significativos.

Dividendos e plano estratégico

De acordo com o presidente executivo do banco público, a CGD espera distribuir dividendos ao Estado, que é a sua obrigação, pois tem capitais confortáveis e gerou resultados. Este ano, e relativo a dividendos referentes ao exercício de 2019, não houve distribuição por recomendação do BCE devido ao impacto da pandemia na economia. Caso não haja essa orientação, disse Paulo Macedo: “sim, a Caixa ira distribuir dividendos ao Estado”.

E, confrontado sobre se estará disponível para continuar como CEO da CGD, Paulo Macedo, que lidera a instituição desde Fevereiro de 2017 disse: “Sim, estou.” Recorde-se que Rui Vilar, chairman do banco publico, já avançou este mês que não irá estar disponível para essas funções após o actual mandato, que termina no final deste ano.

Sobre o plano estratégico em curso, o CEO da CGD acredita que a instituição financeira que lidera irá acabar “o ano com um pouco mais de sete mil pessoas, no grupo todo, e com cerca de 6929 na operação doméstica”, disse Macedo. A CGD fez mais de 600 milhões de euros de dotações para o Fundo de Pensões, acima do previsto no plano. Já no nível de comissões ficou aquém do nível fixado, explicou Paulo Macedo.

Na conferência de imprensa, Paulo Macedo adiantou ainda que as autoridades chinesas renovaram a concessão ao BNU Macau, da CGD, como banco emissor daquele território.

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