Amaura antecipa num vídeo o seu novo EP, Denso, a lançar dia 6 de Novembro

Amaura tem um novo EP. Sucessor do álbum EmContraste (2019) e da sua releitura em Maio de 2020 em (Re)EmContraste (acrescido de um original, Um só), será lançado esta sexta-feira Denso, com três temas: Pedro e o lobo, Saber quem sou e Duplo. Mas, um dia antes, antecipa esses três temas num videoclipe gravado com a sua banda: Pedro Braula Reis (guitarra), Serge Polhos (teclados), Pedro Martinho (baixo) e Rui Berton (bateria).

O nome do EP nasceu do processo de composição, diz Amaura ao PÚBLICO: “Comecei a escrever sem ouvir instrumentações nem beats, e a primeira letra achei-a densa. Então decidimos, eu, a [editora] Mano a Mano e o resto da banda, criar uma ambiência mais jazzy, mais bar, mais densa. E como gosto muito do nome, achei que se adequava.”

O primeiro tema, Pedro e o lobo, fala de uma traição de amor que não se redime através de um arrependimento. “É uma traição no masculino, mas também podia ser no feminino. Acredito que a traição pode não resultar de um plano maquiavélico para magoar o outro. Mas no caso desta personagem, do Pedro, ele tanto mentiu, tanto pediu desculpas, que a personagem feminina já não está predisposta a dar-lhe essa redenção que ele pede.”

O segundo tema é autobiográfico, e fala da relação de Amaura com a música. “Quando começámos a entrar na primeira fase de confinamento, achei que iria ser um período super criativo. Mas não foi. Então parei e pensei: se não for isto, se não for a música, o que é que eu vou fazer? E concluí que há nada do que eu tenha feito que eu sinta que me conhece como eu sou. E escrevi Saber quem sou meio zangada, mas não com a música.”

O terceiro e último tema, Duplo, fala de violência doméstica, mas de uma forma diferente do habitual. “É um tema muito falado, e ainda bem. Devia ser sempre falado. Mas quando se fala da mulher, é sempre no papel de uma mulher sofrida, ou que se considera menos bonita, ou que cresceu em meios mais pobres, ou que tem menos escolaridade. Como isto tudo foi feito de instrumentais, de banda mesmo, não quis encher um tema como acções nem com palavras, mas dizer que isso pode acontecer a uma mulher que estava muito bem, que já teve outros namoros, que se sente bonita. Até isso acontecer com uma pessoa que expõe as suas fragilidades, que muitas vezes já vêm de casa, do pai, da mãe. Daí eu dizer [na canção] ‘talvez se eu me olhasse como já me olhei’. É possível aquela mulher reinventar-se, pensar que se ele estivesse ao espelho era isso que ela diria.”