Padre ortodoxo ferido com gravidade depois de ser baleado em Lyon

Polícia deteve suspeito horas depois do ataque. Incidente acontece dois dias depois do atentado em Nice que causou a morte de três pessoas.

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O Ministro do Interior mobilizou as forças de segurança e isolou uma zona de Lyon Reuters/CECILE MANTOVANI

Um padre ortodoxo foi baleado na tarde deste sábado no centro da cidade de Lyon, França, tendo ficado gravemente ferido. O atacante esteve em fuga várias horas, tendo sido detido um suspeito ao final da tarde, segundo a Reuters. 

De acordo com a AFP, que cita fonte policial, o padre Nikolaos Kakavelakis, de nacionalidade grega, de 52 anos, estava a encerrar a igreja quando foi baleado por duas vezes por um homem armado com uma espingarda de canos cerrados.

A vítima foi transportada para um hospital depois de receber tratamento no local. Tem ferimentos graves e o seu prognóstico é reservado, no entanto Kakavelakis estava consciente quando foi levado para o hospital e disse às autoridades que não conseguiu reconhecer o atacante, escreve o jornal local Le Progrès

Segundo o Le Figaro, a procuradoria de Lyon afirmou que o suspeito detido “corresponde à descrição dada por uma testemunha”, que identificou o atacante como tendo um homem com cerca de 1,90 metros que usava um longo casaco preto. No momento da detenção, o suspeito estava desarmado. 

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, fez uma publicação no Twitter a pedir às pessoas para evitarem o local (Jean-Macé), onde decorreu uma operação policial. 

Darmanin referiu ainda que se vai reunir em Paris com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e com o primeiro-ministro, Jean Castex. Para já, o caso está entregue à polícia local, que abriu uma investigação por tentativa de homicídio, não tendo ainda sido chamada a unidade antiterrorismo, com quem está em contacto próximo. 

Castex, que durante a tarde participou numa homenagem ao padre Jacques Hamel, assassinado em 2016 num atentado terrorista reivindicado pelo Daesh, em Saint-Etienne-du-Rouvray, garantiu que os franceses poderão continuar a praticar a sua religião em “total segurança e liberdade”. 

O presidente da Câmara de Lyon, Grégory Doucet, deslocou-se ao local do crime e disse que, para já, as autoridades não têm informações sobre as motivações do ataque, e sublinhou que nenhuma hipótese deve ser descartada nesta fase. 

O presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, recorreu ao Twitter para condenar o “ataque abominável”. “Todos os nossos pensamentos estão com o padre que está entre a vida e a morte. Na Europa, a liberdade de consciência está garantida para todos e deve ser respeitada”, afirmou.

Funcionário do Ministério da Educação e Cultos da Grécia, Nikolaos Kakavelakis está colocado em Lyon há uma dezena de anos, como reitor da paróquia ortodoxa grega da Anunciação da Madre de Deus, escreve o jornal Le Monde.

Série de ataques

O ataque deste sábado, que ocorreu por volta das 16h locais (15h em Portugal continental), acontece dois dias depois de três pessoas terem sido assassinadas em Nice, na basílica de Notre-Dame, tendo o atacante gritado “Allahu Akbar” (Deus é grande). Este sábado, foi anunciada a detenção de um terceiro suspeito pelo envolvimento no atentado.

Há duas semanas, o professor Samuel Paty foi decapitado em Paris por um extremista islâmico por ter mostrado numa aula cartoons do profeta Maomé publicado pelo jornal satírico Charlie Hebdo. 

Os ataques das últimas semanas em França levaram o Presidente francês a dizer que a “França está sob ataque”, admitindo que outros atentados pudessem acontecer nos próximos dias. Nesse sentido, Macron decretou o estado de alerta máximo e mobilizou sete mil militares para protegerem os locais de culto. 

A polícia investiga a pista do atentado terrorista, tendo em conta os ataques das últimas semanas e a reacção ao discurso de Macron, mas também a pista de que o ataque poderá estar relacionado com conflitos na pequena comunidade de ortodoxos gregos de Lyon, até pela arma utilizada no ataque, uma caçadeira em vez das facas usadas nos recentes ataques.

Segundo o Le Monde, o padre é acusado de autoritarismo e desvio de dinheiro por um antigo monge ortodoxo, Kakavelakis processou o autor da denúncia por denuncia caluniosa.

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