PCP pede que “não se exagere” nas medidas para que a pandemia não vire “caso de polícia”

O PCP foi o terceiro partido a ser recebido em São Bento. O Governo está a ouvir todos os partidos com assento parlamentar esta sexta.-feira, um dia antes de anunciar novas medidas de combate à pandemia.

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Jerónimo de Sousa à saída da reunião com o primeiro-ministro LUSA/TIAGO PETINGA

O secretário-geral do PCP defendeu esta sexta-feira que o Governo deve tomar medidas “proporcionais” e com “pedagogia”, avisando que não se pode transformar a resposta à propagação do vírus “num caso de polícia”. À saída do encontro com o primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa alertou que “exagerar nessas medidas” e tratá-las como um problema de segurança não iria resolver o problema. Em alternativa, o secretário-geral comunista insiste que se deve apostar na pedagogia, evitando “toda a paralisação da actividade económica e do plano social”.

Para Jerónimo de Sousa, quaisquer medidas que sejam anunciadas neste sábado, no final do encontro extraordinário do Conselho de Ministros, devem ser “inseparáveis” de medidas de reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), discordando do Bloco de Esquerda quanto ao apelo a uma requisição civil dos privados por considerar que a isso poderá estar associado uma desvalorização do SNS. “Se isso for para subestimar ou secundarizar o SNS estaremos em desacordo, não pode haver desresponsabilização e considerar o SNS como algo secundário”, defendeu. Em alternativa, o PCP propõe que se recorra a enfermeiros reformados que se voluntariem, por exemplo.

Questionado se o PCP aceitaria um novo estado de emergência ou uma medida como recolher obrigatório, Jerónimo de Sousa não respondeu directamente, mas referiu que a lei da protecção civil e a lei de vigilância da saúde “são instrumentos que podem responder neste contexto à situação” sanitária. “Procurar todas as medidas de defesa da saúde, mas que essas medidas não sejam transformadas num caso de polícia”, referiu.

À questão sobre se saiu deste encontro - no qual esteve acompanhado pelo líder parlamentar João Oliveira e pelo dirigente Jorge Pires - mais preocupado com as medidas que aí vêm , o secretário-geral comunista respondeu que “por razões de ética” se escusava a fazer caracterizações do que possa vir a ser anunciado no sábado pelo Governo.

Antes do PCP foram ouvidos o PSD e o BE. Enquanto os sociais-democratas defendem a hipótese de diferenciar medidas restritivas consoante os municípios é “equilibrada”, os bloquistas descartaram para já a necessidade de um novo estado de emergência, propondo que o Governo utilize toda a capacidade instalada na saúde, se necessário recorrendo à requisição civil dos sectores privado e social. com Lusa

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