Vanessa Springora: “Não estou a falar de moral, estou a falar de lei. Se o abuso sexual de menores é interdito pela lei não há razão para que não o seja também nos textos”

Vanessa Springora narra em Consentimento a sua história, aos 14 anos, com o escritor Gabriel Matzneff, 36 anos mais velho. Fala da impunidade da sociedade da época e do meio literário, do que mudou com o #MeToo e do tempo que demorou a assumir-se como vítima de um predador sexual. Em França, o livro lançou a discussão sobre abuso e consentimento. Conversámos com a autora numa altura em que o seu best-seller está a ser traduzido para mais de 20 países.

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©JF PAGA

“Aos catorze anos, não devíamos ter um homem de cinquenta anos à nossa espera à saída do liceu, não devíamos viver com ele num hotel, nem estar na sua cama, com o sexo dele dentro da boca à hora do lanche. Tenho consciência de tudo isso, apesar dos meus catorze anos, não sou completamente desprovida de senso comum. Desta anormalidade, fiz, de certa forma, a minha nova identidade”, escreve a cineasta, directora das Éditions Julliard e escritora Vanessa Springora, 48 anos, em Consentimento (ed. Alfaguara), onde descreve a relação, aos 13 e 14 anos, com o escritor Gabriel Matzneff. Onde nos conta como demorou anos a aceitar que tinha sido vítima de um predador sexual.

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