Lukashenko refaz equipa de segurança para tentar travar os protestos na Belorrússia

“Isto ainda não acabou”, diz o Presidente da Bielorrússia, onde há meses que há protestos. As milicias armadas voluntárias vão ser reforçadas.

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Alexander Lukashenko EPA

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, substituiu o ministro do Interior e nomeou três falcões da área da segurança para novos postos, numa tentativa de travar protestos contra si que duram há 12 semanas. Ivan Kubrakov, que dirigiu a repressão contra os manifestantes durante os maiores protestos, é o novo ministro do Interior.

O seu antecessor, Yuri Karayev, é um dos três homens nomeados para novos cargos como assessores presidenciais e “inspectores”, responsáveis por regiões chave do país.

A posição de Lukashenko, contestado nas ruas, parece estar mais segura depois da greve geral começada nesta semana pela oposição e que não conseguiu parar o país e a sua economia, como se pretendia.

As forças de segurança detiveram 16 mil pessoas desde a eleição presidencial de 9 de Novembro, que a oposição e vários governos ocidentais disseram ter sido manipuladas.

Os protestos continuam, sobretudo nas universidades, e a remodelação sugere que Lukashenko com a sua duração e com o tempo que está a demorar controlar a oposição, acreditando que precisa de fazer mais alguma coisa.

“Lukashenko está nervoso porque não consegue calar os protestos. Pensa que se mudar o aparelho da segurança isso terá algum tipo de efeito. Lukashenko ainda acha que consegue sufocar os protestos”, diz o analista Alexander Klaskovsky.

Lukashenko ordenou ainda o reforço das milícias armadas voluntárias, que já existem mas não tiveram qualquer papel na crise até agora.

"Ainda não acabou"

Os outros dois assessores presidenciais são Valery Vakulchik, que foi durante oito anos chefe do KGB, e o antigo ministro do Interior Alexander Barsukov.

Barsukov vai ser responsável por Minsk, Vakulchik por Brest, na fronteira com a Polónia, e Karayev por Grodno, perto das fronteiras com a Polónia e a Lituânia.

Este ênfase na segurança em regiões com fronteiras com países da NATO estão em linha com as repetidas declarações de Lukashenko sobre ser o Ocidente a alimentar os protestos na Bielorrússia. Em Setembro, realizou exercícios militares com a sua aliada Rússia.

Falando para os três novos colaboradores, Lukashenko disse que estavam a ser enviados para regiões muito importantes do país “devido aos acontecimentos que ali tiveram lugar e que ainda não acabaram - ainda não sabemos o que isto pode dar”.

Karayev, Barsukov, Vakulchik e Kubrakov estão todos debaixo de sanções da União Europeia (Lukashenko não), impedidos de viajar para este espaço, e têm bens congelados devido ao seu papel na repressão, na intimidação e nas detenções arbitrárias desde as eleições. Os primeiros três foram acusados de responsabilidade em práticas de tortura.

Os Estados Unidos impuseram também sanções a Karayev, Barsukov e Kubrakov - o candidato democrata à presidência (as eleições são na próxima terça-feira), Joe Biden, disse que se vencer haverá sanções mais duras.

A Bielorrússia nega torturar prisioneiros e Karayev, o ministro do Interior cessante, disse que a sua força policial é uma das mais humanas do mundo.

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