Solidificar, desintegrar, reconstruir, eis os Loosers

Banda à margem e das margens, fonte inspiradora de novas experiências e de renovadas independências, regressa sete anos depois. Kill Screen entra pela cabeça e pelos olhos dentro enquanto estamos aqui, rodeados e dominados por ecrãs que nos irritam e entorpecem, presos no presente e temendo pelo futuro.

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Francisca Teixeira

A música parece prenunciar elevação, qual levitação em som. Há realmente algo de celestial naquele sintetizador que se espraia sobre o ritmo. Haverá? O ritmo insinua-se, repetitivo, circular, e a sensação transforma-se numa outra coisa. Procurar um desejo de escapismo seria demasiado fácil, até desadequado, e não seria isto que agora ouvimos. Throbbing, primeira canção de Kill Screen, o novo disco dos lisboetas Loosers. Os sintetizadores e o ritmo circular e a voz que explode, cabeça a latejar de ira e neurose: “Oh, god damn it! My fucking head”, vocifera. “Dickheads in charge. Damn!”, continua. “Can’t even breathe in this motherfuckin’…”, prossegue, ira em suspenso, música a aplacar a fúria, música a potenciá-la.

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