Um concerto com cabaret para “levantar os ânimos” destes loucos anos 20

O Grande Cabaret Lisboa quer levar os espectadores numa viagem dos loucos anos 20 até ao ano louco de 2020. Da união entre o jazz ao vivo e a dança burlesca nasce um novo espectáculo que se estreia a 5 de Novembro.

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Na sombra da Grande Depressão e da epidemia da Gripe Espanhola, a vida nocturna foi conquistada pela boémia do cabaret —​ onde o jazz e a dança sedutora se cruzam. Um século depois, o cenário parece idêntico e o Grande Cabaret Lisboa - Clube de Artistas não pôde deixar de reparar. “É importantíssimo”, exclama Louise L'Amour, referindo-se ao timing de Cabaret Concerto, espectáculo de cabaret com música ao vivo que apresenta dia 5 de Novembro, no bar AveNew, em Lisboa. A artista destaca o “paralelismo” que se vive actualmente com os anos 20 do século passado, altura em que o cabaret foi crucial para “levantar os ânimos depois da Grande Depressão”, e espera que “ele agora faça o mesmo neste século”.

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O espectáculo, planeado “há cerca de um mês”, é um conceito novo em Portugal, diferente das actuações burlescas que o Grande Cabaret Lisboa costuma fazer. “Todos os arranjos são feitos por nós com banda ao vivo, é um formato de concerto que depois tem os apontamentos de cabaret de burlesco”, explica Louise.

Acontecerá “todas as semanas” e “vai ser sempre diferente”, destaca: “Vamos ter mais ou menos quatro alinhamentos básicos que vão rodando ao longo do mês.” Tanto as bailarinas como os números apresentados irão alternar a cada espectáculo, que terá dois formatos intercalados. O primeiro, que se estreia na primeira semana de Novembro, consiste num “especial dos anos 20”; o segundo “passa por todas as décadas  dos anos 20 do século passado a 2020”.

A dançarina revela que o cabaret “tem passado terrivelmente mal” graças às repercussões da covid-19. “Infelizmente, no nosso país, [o cabaret] é um nicho que não é sequer reconhecido enquanto arte. É uma arte menor e tem zero apoios”, refuta Louise, ressalvando que a sua pouca divulgação em Portugal não lhe confere o reconhecimento merecido. “As pessoas não fazem ideia de que isto se passa pelas noites, sobretudo de Lisboa”, defende. Como tal, com os espectáculos musicados que se avizinham, o clube aposta numa “reinvenção e readaptação”. “Aproveitámos este tempo todo que estivemos parados para aparecer com coisas diferentes e novas.”

Apesar de viajar pelo passado, o espectáculo terá normas bastante actuais. Cumpre as condições de segurança, “a nível de limitação dos lugares e separação das mesas”, e “o contacto mais próximo com as pessoas vai ser evitado” nas danças pelo espaço. Já no palco, tudo será como dantes ("vamos fazer como sempre fizemos”), sendo que as bailarinas não terão máscaras. A única alteração, “a nível artístico”, é que “as coreografias não serão tão próximas das pessoas como poderiam ser noutra situação”.

A sessão de 5 de Novembro esgotou logo “dois dias a seguir ao lançamento”. Louise admite que não esperava que tal acontecesse tão depressa, mas que já contava vender todos os bilhetes. “A adesão não é assim tão gigante porque a lotação é um bocadinho limitada. Mas, sim, estávamos à espera que isto acontecesse quando saísse o evento.”

A primeira sessão será um “teste, dadas estas novas condições”, para determinar o interesse do público, que, com base nos bilhetes esgotados, Louise L'Amour prevê ser “boa"Assim, Cabaret Concerto estará em cena “enquanto fizer sentido e enquanto as pessoas continuarem a aderir”, sem data limite, às quintas-feiras. A entrada custa dez euros e as mesas para as próximas sessões podem ser reservadas no site do bar.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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