Guarda Civil lança operação contra suspeitos de terem financiado ilegalmente o independentismo catalão

Dezenas de pessoas foram detidas sob suspeita de corrupção e desvio de fundos. Financiamento da estadia de Puigdemont na Bélgica é um dos eixos de uma investigação que os independentistas encaram como uma “vingança”.

Foto
Operação visa 31 suspeitos, entre empresários, ex-políticos e dirigentes da sociedade civil Susanna Saez/EPA

A Guarda Civil espanhola pôs esta quarta-feira em marcha uma operação policial e judicial contra empresários, antigos políticos e dirigentes da sociedade civil da Catalunha, suspeitos de terem financiado, de forma ilícita, o processo independentista catalão.

Um dos principais eixos da investigação tem como alvo a estrutura que apoia, logística e financeiramente, o antigo presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont, que reside em Bruxelas desde o final de 2017, na sequência da declaração unilateral de independência no parlamento catalão e do processo judicial que lhe foi movido.

Para além disso, as autoridades estão a averiguar as formas de financiamento do Tsunami Democràtic, a plataforma de apelo à desobediência civil pacífica na Catalunha que actua através das redes sociais e que esteve envolvida, por exemplo, no bloqueio do aeroporto de El Prat, nos dias que se seguiram à revelação das sentenças dos políticos e dirigentes catalães implicados na organização do referendo secessionista de 1 de Outubro de 2017, considerado ilegal por Madrid. 

Entre as dezenas de pessoas detidas esta manhã, escreve o La Vanguardia, encontra-se o empresário e editor Oriol Soler, o historiador e chefe de gabinete de Puigdemont, Josep Lluís Alay, o ex-dirigente do partido Esquerda Republicana da Catalunha, Xavier Vendrell, e o ex-dirigente da coligação política independentista Convergência e União, David Madí.

No total, informou o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha através de uma nota, há 31 pessoas suspeitas pela prática de crimes relacionados com corrupção, como desvio de fundos públicos, branqueamento de capitais, prevaricação e tráfico de influências, mas também delitos de desordem pública.

A operação iniciada esta quarta-feira motivou reacções fortes e críticas dos principais dirigentes políticos independentistas nas redes sociais.

Quim Torra, presidente da Generalitat, acusou o “Estado espanhol” de “continuar a insistir com a sua deriva repressiva e autoritária”, e Roger Torrent, presidente do parlamento catalão, denunciou “montagens para se criminalizar o independentismo”.

A partir da prisão, o ex-dirigente da organização independentista Assembleia Nacional Catalã e um dos condenados do procés, Jordi Sànchez, rotulou a operação como uma “vingança pura” e uma “evidência” de que Espanha quer o caminho da “confrontação”. 

E, desde Bruxelas, Carles Puigdemont lamentou a tentativa espanhola de acabar com a vitalidade do movimento secessionista.

“Procuram a morte política e civil do independentismo porque, três anos depois da declaração de independência, continuamos a lutar por uma causa justa e democrática”, escreveu no Twitter o ex-presidente do executivo catalão e actual eurodeputado.

Sugerir correcção