Programa ajuda a transformar a paixão do surf em pleno emprego

Com base no surf aliado a outras competências, os participantes no programa Cascais Surf para a Empregabilidade vão preparar-se para fazer um percurso profissional, de alguma maneira, ligado a este desporto.

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A maioria dos participantes são homens com uma média de 33 anos JAMES ROSS/Lusa

Ricardo Horta é um amante do surf que decidiu que este seria mais do que “pegar numa prancha e apanhar umas ondas”. Recentemente abriu um restaurante na Parede, no concelho de Cascais, em plena pandemia. Um projecto fruto da sua passagem pelo programa Cascais Surf para a Empregabilidade, que começa já em Novembro a sua sétima edição. 

O objectivo desta formação, que acontece em Cascais com o apoio da autarquia e promovido pela Associação Surf Social Wave, é capacitar os alunos com ferramentas para um futuro profissional — são seleccionados desempregados e pessoas à procura do primeiro emprego. Para isso, os formandos são convidados a identificar os seus sonhos e aprender a torná-los realidade. A paixão pelo surf é transversal aos criadores e participantes deste programa, explica António de Sá Leal, presidente da associação, ao PÚBLICO.

Esta organização, em parceria com a autarquia local, promove uma formação de cinco semanas, que é prática — com aulas de surf, ioga e meditação —; e teórica — com professores da Nova School of Business and Economics (SBE) em Carcavelos, e especialistas em várias áreas. Finda esta parte, os formandos têm 16 semanas de mentoring, em sessões individuais de desenvolvimento do projecto pessoal​, onde podem pôr de pé o seu plano de trabalho. Segundo Sá Leal, o objectivo passa por fornecer conhecimentos teóricos e práticos de empreendedorismo e gestão comercial. Por fim, o programa disponibiliza uma rede digital onde os participantes podem manter contacto e, no caso de dúvidas, vê-las esclarecidas. 

Aos formandos não lhes é exigido entrar no programa a saber praticar surf. Contudo, é obrigatório praticá-lo durante as sessões, sendo convidados a experimentá-lo e a retirar de lá competências, como por exemplo, a resiliência, explica Sá Leal. Para Ricardo Horta, este desporto permitiu-lhe “encontrar o equilíbrio dentro do desequilíbrio e isso dá resiliência”, define. 

“Sair fora da caixa” foi a máxima que o ex-formando retirou da passagem por este curso. “O programa fez-me não desistir e ensinou-me a acreditar nas minhas competências e a readaptar-me”, explica. De tal modo que o ex-participante, nas palavras de António de Sá Leal, “remou para fora” e abriu um restaurante. A resiliência de Ricardo Horta, apontada pelo presidente da associação, evidenciou-se quando a data de inauguração do seu espaço coincidiu com o início do primeiro estado de emergência, a 18 de Março. “O Ricardo, mesmo com tudo fechado, avançou com a abertura do restaurante”, realça o mentor. 

Em média, os participantes têm 33 anos, habilitações superiores e são de várias nacionalidades. São sobretudo homens, mas há uma percentagem de 40% de mulheres. Este programa já acolheu portugueses, brasileiros, argentinos, alemães e uruguaios. A nível nacional, não se foca apenas nos residentes na região de Lisboa e Vale do Tejo, abrangendo outras como Póvoa do Varzim, Matosinhos e Vagos, por exemplo. 

Há 20 anos que António de Sá Leal tem o mar como destino. Como guia do seu percurso profissional, sempre o teve como base de criação, revela ao PÚBLICO. Foi empresário, director de revistas, colunista e já lançou três livros. Quando se apercebeu que a sua carreira de empresário ligado ao surf estava a chegar ao fim decidiu investir num projecto inovador, foi assim que nasceu o Programa Cascais Surf para a Empregabilidade como “processo de empoderamento pessoal e profissional”. 

Texto editado por Bárbara Wong

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