Contra o esquecimento irresponsável, a História

Pelo passado, pelo presente e pelo futuro, trata-se de leitura imprescindível.

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Becker/Fox Photos/Hulton Archive/Getty Images

Há livros fáceis de descrever e classificar. Este é um deles: erudito, escorreito e convincente. Na sua análise das dinâmicas históricas que conduziram à institucionalização do Terceiro Reich, após o desmantelamento da República de Weimar, rumo à mais cataclísmica de todas as guerras, Richard Evans conquista algo custoso: apesar da abundância de razões para a perturbação indignada, para a repugnância indisfarçável e para a culpabilização legítima, resiste a deixar que estas emoções se sobreponham a ilações estribadas em dados existentes, remetendo para contextos e relações históricos definidos. Trata-se, ainda, de um livro indispensável para que a História (e a memória) de um dos tópicos mais angustiantes e estudados da nossa História colectiva seja preservada, com substância e rigor, bloqueando operações de mistificação histórica. Perante interpretações deturpadas que continuam a toldar alguns espíritos na apreciação do regime nazi, é um feito digno de ser celebrado. É que apesar do prolífico registo de investigações de altíssima qualidade sobre o assunto, existem sinais muito preocupantes a este respeito no presente. Uns vêem o Terceiro Reich em todo o lado, outros em lado nenhum. Uns obscurecem as suas especificidades, outros as suas reverberações contemporâneas. Infelizmente, há ainda os que o invocam como exemplo a seguir, certamente por desconhecimento. Outros ainda escondem, por ora, esta última filiação.

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