Leiria celebra a cultura no congresso “O futuro da nossa cidade”

Numa viagem literária por Leiria e pelos 26 concelhos envolvidos, Gonçalo M. Tavares criou a História final da peregrinação que vai ser apresentada no último dia do congresso. Com a duração de dois dias, o evento procura abrir espaço para discutir a importância da cultura no futuro de uma cidade.

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José Tolentino de Mendonça, poeta e cardeal, foi um dos convidados deste congresso Nuno Ferreira Santos

“Somos só uma Humanidade no temor e tremor destes tempos de grandes medos e de grandes dúvidas”. Foi assim que, esta sexta-feira de manhã, Luís Castro Mendes encerrou a primeira parte do congresso “O futuro da nossa cidade”, em Leiria. O encontro internacional que conta com a participação de Tolentino de Mendonça, Alexandre Quintanilha, François Matarasso e Kepa Korta termina este sábado. Sob a alçada da candidatura de Leiria, e de 26 concelhos vizinhos, à Capital Europeia da Cultura 2027, a iniciativa discorre sobre a importância da cultura para o desenvolvimento das cidades. 

No Teatro José Lúcio da Silva (TJLS), em Leiria, a sessão teve início com o discurso de José Tolentino de Mendonça, cardeal, poeta e teólogo português. O convidado credita que “as cidades do futuro precisarão de descobrir o sentido de bem comum como a sua raiz fundamental” para promoverem o bem-estar geral da sociedade e o desenvolvimento da cidade. O autor de O Viajante Sem Sono divagou sobre os conceitos de cidade e cultura e apontou alguns factores que promovem o bom funcionamento de uma cidade.

Embora Leiria seja a casa-mãe deste projecto, a candidatura expande-se a mais 26 concelhos vizinhos. Assim, as celebrações, com início a 4 de Maio, implicaram uma centena de acções no território deste grupo de cidades e concelhos. Durante estes dois dias de encerramento, os visitantes vão poder usufruir de um conjunto de roteiros e experiências imersivas, de um concerto da Orquestra Sinfónica de Thomar e da banda portuguesa The Gift.

François Matarasso fecha o congresso

Dentro do plano de actividades, o evento procura promover a discussão de seis temas potenciadores da construção do futuro da cidade de Leiria: a história e património; a hospitalidade da cidade; o espaço público; as estruturas de criação e transmissão; a relação entre diferentes gerações; a criação artística e cultural e uma reflexão filosófica, científica e artística. 

Face ao contexto pandémico que assola o país, a organização do congresso foi obrigada a readaptar o plano de actividades. A manhã deste primeiro dia foi transmitida a partir de Leiria. Enquanto à tarde cada município organizou uma Oficina do Futuro, liderada pelo vereador da cultura de cada um. Esta oficina é realizada pelos congressistas e vai terminar numa síntese dos trabalhos elaborados – transmitida em directo para todos os participantes. Depois de concretizadas todas as actividades previstas, o dia termina com o concerto dos The Gift.

No sábado, dia 24 de Outubro, o congresso desloca-se, passando a decorrer nas Caldas da Rainha. Gonçalo M. Tavares vai participar com a História final da peregrinação. A ideia surgiu de uma peregrinação literária, feita pelo escritor, pelo território abrangido pelo evento. No seguimento desta intervenção, o investigador François Matarasso dará por terminado o congresso com um discurso sobre o princípio da inclusão cultural. À semelhança desta sexta-feira, a celebração do encerramento do congresso vai ser brindada com o concerto da Orquestra Sinfónica de Thomar.  

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