O movimento das coisas portuguesas no sítio dos irmãos Lumière

Portugal, país de uma cinematografia frágil e de uma força paradoxal, foi o país convidado no mercado do Festival Lumière, em Lyon, dedicado à redescoberta do património cinematográfico. As atenções estiveram em O Movimento das Coisas, de Manuela Serra. Um filme que nunca estreou comercialmente, que há mais de 30 anos vem despertando paixões secretas e que agora, finalmente, vai fazer desabrochar em público todo o seu sortilégio.

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Filas de pessoas, como os espectadores “nos anos 70 e 80”, para verem filmes do passado: é assim, os testemunhos concordam, a paisagem habitual do Festival Lumière em Lyon. A pandemia do covid-19 atacava de novo quando a edição 2020 se pôs em marcha ali onde os irmãos Lumière, August e Louis, inventaram o cinematógrafo, ali onde, a 19 de Março de 1895, colocaram a câmara em frente à sua fábrica para filmarem os trabalhadores que saíam dos ateliers. Fica então o décor, é simultaneamente património físico e simbólico: Hangar du Premier Film, Rue du Premier Film, bairro de Monplaisir, Lyon. É o Festival Lumière, a 12ª edição de uma vigorosa musculação da memória que terminou, como todos os anos acontece, com um cineasta a refazer no mesmo local o gesto de Auguste e Louis em La Sortie des Usines Lumière à Lyon, filmando um remake desse plano de 45 segundos de 1895. Acontece até que em 2020 tudo terminou como começou, com dois irmãos. Desta vez foram Jean-Pierre e Luc Dardenne, os belgas de Rosetta (1999).

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