Azores Parque: PS pede que se “esclareça tudo”, PSD diz que agiu em defesa do interesse público

O líder do PSD-Açores e candidato à presidência do governo regional, José Manuel Bolieiro, está a ser investigado pelo Ministério Público pelo crime de insolvência culposa quando presidia à autarquia de Ponta Delgada.

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José Manuel Bolieiro EDUARDO COSTA

O presidente do PS/Açores manifestou esta quinta-feira o desejo de que se “esclareça tudo”, e “rapidamente”, no que diz respeito à venda da Azores Parque, alvo de uma investigação que envolve o actual líder do PSD/Açores. Em causa está a notícia avançada pelo PÚBLICO esta quinta-feira que José Manuel Bolieiro está a ser investigado pelo Ministério Público pelo crime de insolvência culposa quando era presidente da maior autarquia açoriana, estando em causa a venda da empresa municipal Azores Parque em Março 2019.

“O que penso sobre isso é exactamente a mesma coisa que penso sobre anteriores situações, sobre a situação do dr. Alexandre Gaudêncio, sobre a situação do dr. Duarte Freitas, em relação àquilo que é acusado. Em relação a eles, como há em relação a todos, há a presunção da inocência. E também em relação ao dr. Bolieiro”, declarou Vasco Cordeiro, que concorre nas eleições regionais de domingo a um terceiro mandato como presidente do Governo dos Açores.

O candidato socialista aludia a processos na Justiça envolvendo os anteriores líderes do PSD nos Açores: Duarte Freitas, que liderou a estrutura entre finais de 2012 e 2018, e Alexandre Gaudêncio, que lhe sucedeu até abandonar o cargo em finais de 2019.

E prosseguiu, falando na Ribeira Grande, numa acção de campanha na ilha de São Miguel, e já abordando a questão da Azores Parque, noticiada pelo PÚBLICO: “Que se esclareça tudo o mais rapidamente possível. É apenas aquilo que gostaria de dizer”.

José Manuel Bolieiro chegou a presidente do PSD/Açores em Dezembro do ano passado e está actualmente em campanha eleitoral para o sufrágio de domingo.

Esta quinta-feira também, o social-democrata disse que, enquanto presidente da Câmara de Ponta Delgada, agiu em defesa do interesse do município no caso da venda da Azores Parque, sublinhando a “transparência dos procedimentos”. Em declarações aos jornalistas na ilha das Flores, o candidato a presidente do Governo Regional lamentou que haja uma tentativa de “pôr em causa a honra do político” na véspera do sufrágio.

Tal como o PÚBLICO escreve, a empresa encontrava-se falida, tinha mais de 11 milhões de euros de passivo e a autarquia preparava-se para a extinguir e internalizar, quando, naquela data, acabou por a vender por 500 euros.

“Lamento que nesta altura queiram pôr em causa a honra do político que está à beira das eleições. É inequívoca a minha honra, a transparência dos procedimentos”, afirmou o líder dos sociais-democratas açorianos.

Segundo o PÚBLICO, depois da venda, e em poucos meses, de acordo com um parecer do administrador judicial, parte do activo imobiliário da sociedade foi vendido e a sua conta bancária completamente esvaziada, na véspera da declaração de insolvência pelo Tribunal de Ponta Delgada (TPD), a pedido do maior credor, o banco Santander Totta.

Entre os investigados está também a actual presidente da autarquia, Maria José Duarte, que substituiu Bolieiro no cargo em Junho deste ano e que na altura da venda era vogal da administração da empresa. José Manuel Bolieiro presidiu ao conselho de administração da Azores Parque entre Julho de 2016 e Dezembro de 2017, segundo o PÚBLICO.

Questionada pela Lusa, a assessoria da actual presidente da câmara remeteu comentários para quando estiver concluído o relatório da comissão de inquérito aprovada pela Assembleia Municipal relativamente à venda da empresa.

Ao todo, são 13 as forças políticas que se candidatam aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP.

Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos). O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.

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