Governo acredita que se aproximou de BE, PCP e PAN e agora vai “aguardar”

Depois de mais de mais de sete horas de reuniões com os três partidos, o Governo considera que deu passos de aproximação em relação às exigências apresentadas pelos partidos. Agora resta aguardar pelo veredicto das bancadas da esquerda.

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António Costa ainda irá ouvir o PEV esta quarta-feira LUSA/ESTELA SILVA

Três partidos e três reuniões depois, o Governo considera que fez um esforço de aproximação às principais exigências do BE, PCP e PAN para garantir a viabilização da proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) e que, agora, resta-lhe aguardar. Durante a manhã desta quarta-feira, os líderes parlamentares do BE e do PCP revelaram que foram registados “avanços” por parte do executivo de António Costa, mas não se comprometem ainda com uma sinalização da intenção de voto. Os próximos dias serão para “analisar” as cedências que o Governo está disposto a fazer de forma a garantir que o orçamento passa a primeira fase de votações.

Os três partidos foram até São Bento para tentar colmatar as “insuficiências” identificadas nas matérias que consideram prioritárias e ainda que assinalem que existe espaço para mais negociações (o PAN admite fazê-las na fase de especialidade), os três líderes parlamentares reconheceram que houve uma aproximação por parte do Governo.

Do lado do PCP, os avanços assinalados por uma fonte do executivo em declarações à agência Lusa aconteceram “avanços em vários domínios, designadamente nas áreas social e da administração pública”, tendo sido ainda estabelecidos alguns compromissos em relação à fase de negociação do Orçamento na especialidade. Apesar dos progressos, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, declarou que "o voto a favor está naturalmente mais distante do que as outras duas possibilidades”, ainda que não descarte nenhum sentido de voto.

Para João Oliveira, a “situação grave” do país não permite que se considerem que “duas ou três medidas e quatro ou cinco alterações para se dizer” resultem num Orçamento que responda aos problemas assinalados pelo PCP.

Na reunião de trabalho com o Bloco, e tal como o PÚBLICO tinha avançado, o Governo deu mais um passo ao encontro do BE na nova prestação social independentemente e apresentou um calendário de contratação de mais 4200 profissionais de saúde (uma medida que estava prevista no OE 2020), precisou Pedro Filipe Soares, em declarações no Fórum TSF, esta manhã.

O líder parlamentar lamentou, no entanto, que os entendimentos na matéria laboral continuem bloqueados (e assim deverão continuar uma vez que o Governo considera que este assunto não se insere na discussão do OE 2021). Quanto à determinação em impedir que o Fundo de Resolução recorra a crédito bancário para financiar o Novo Banco, Pedro Filipe Soares justificou que se trata de uma tentativa “proteger o erário público”.

Tal como o PCP e BE, também o PAN já tinha dado nota da maior disponibilidade de compromisso do Governo. Ainda na terça-feira, a líder parlamentar Inês Sousa Real adiantou que o Governo está disponível para duplicar o valor da verba (de 5 milhões para 10 milhões de euros) destinada aos centros de recolha oficial de animais, campanhas de esterilização e hospitais veterinários públicos. 

 O progresso também foi sublinhado pela líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes: “Os meus colegas reconhecem que há progressos, na saúde, apoios sociais, administração pública e ambiente”. E marcou o compasso: “Temos todas as condições para passar à fase seguinte”.

Esta quarta-feira o Governo recebe o PEV, fechando assim esta ronda de encontros. Esta é última reunião agendada conhecida a exactamente sete dias da votação do Orçamento na generalidade.

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