FC Porto com vários problemas para resolver no Etihad

Os “dragões” estreiam-se esta noite na Liga dos Campeões em Manchester, frente ao City. Jogo em Alvalade confirmou que as saídas de Danilo e Alex Telles não serão fáceis de colmatar para Sérgio Conceição.

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LUSA/ANTONIO COTRIM

Vão ser seis jogos, disputados a um ritmo de contra-relógio (apenas 49 dias), e o primeiro será aquele que, em teoria, tem o grau de dificuldade mais elevado. O FC Porto estreia-se esta noite (20h, TVI) no Grupo C da Liga dos Campeões na casa de um dos favoritos a vencer a competição (Manchester CIty) e, depois de dois jogos sem ganhar, Sérgio Conceição tem problemas para resolver na preparação do duelo com Pep Guardiola no Etihad Stadium. O técnico levou para Inglaterra os 26 jogadores que tem disponíveis e, perante um teste tão exigente, terá que encontrar uma solução que estanque algumas debilidades que foram visíveis no passado fim-de-semana, contra o Sporting, no Estádio de Alvalade.

Após dois jogos (Marítimo e Sporting) que terminaram sem vitórias e com recados pouco amistosos de Conceição para dentro do balneário, o arranque da Liga dos Campeões não parece surgir no momento ideal para o técnico portista. O duelo em Alvalade marcou o início de uma maratona de jogos (sete em 22 dias, três deles na “Champions”) e, após um final de mercado de transferências muito movimentado para a SAD “azul e branca”, a margem de manobra para Conceição integrar os reforços e adaptá-los à “identidade” portista é reduzida.

Contra o Sporting, no primeiro jogo após o fecho do mercado, Conceição não necessitou de mexer no ataque – Soares e Zé Luís já tinham assumido um papel secundário antes de serem transferidos -, mas ficou óbvio que Danilo e Alex Telles deixaram um problema de difícil resolução.

Para tapar os “buracos” que ficaram em aberto pela saída de dois pilares na conquista do título na época passada, Conceição foi, como é hábito, conservador e mexeu o mínimo possível: Zaidu entrou para a ala esquerda; Uribe foi titular no triângulo do meio-campo. Mesmo tendo apenas um reforço de início (Zaidu), as alterações trouxeram, no entanto, mudanças ao sistema habitual de jogo dos portistas e, mais do que isso, resultaram numa menor consistência defensiva por parte dos “dragões”.

Embora tenha começado bem a partida (assistência para o golo de Uribe), Zaidu não tem a capacidade de Telles, jogador tão competente a atacar como a defender, e, tal como já se tinha visto na época passada quando o nigeriano jogava no Santa Clara, o lateral revelou-se permeável a defender - o segundo golo do Sporting foi construído pela direita do seu ataque, após más abordagens de Zaidu e de outro reforço (Felipe Anderson).

No meio-campo, a troca de Danilo por Uribe não se resumiu a uma troca directa, mexendo em mais do que uma posição do triângulo. Apesar de Otávio continuar no vértice mais ofensivo, em terrenos próximos de Marega, o colombiano ocupou a posição habitual, quando jogava ao lado de Danilo, forçando Sérgio Oliveira a recuar e a ter mais preocupações defensivas do que tinha quando partilhava o terreno com o novo reforço do PSG. Sem um médio com as rotinas e perfil de “6”, o FC Porto não se mostrou tão sólido como é habitual, permitindo que jogadores como Pedro Gonçalves ou Nuno Santos tivessem liberdade para criar desequilíbrios na defesa “azul e branca”.

Assim, olhando para os jogadores que Conceição terá à sua disposição perante um rival que deverá ser mais ofensivo do que o Sporting, não é de excluir mudanças. Um jogador que encaixaria “como uma luva” no meio campo dos campeões nacionais, disfarçando a ausência de Danilo, seria Marko Grujic. O sérvio tem experiência de Premier League e parece condenado a assumir um papel de destaque na equipa do FC Porto, mas falta saber se Conceição pretende lançar o médio numa partida tão exigente.

Da mesma forma, na esquerda da defesa também pode haver alterações. Frente a um City que deverá atacar pela direita com jogadores como Mahrez, Sterling ou Bernardo Silva, defender com Díaz e Zaidu, dupla mais vocacionada para atacar, pode ser um risco. Por isso, embora seja uma alteração menos expectável do que a entrada de Grujic, não será descabida a estreia do jovem francês Malang Sarr: o defesa emprestado pelo Chelsea tem rotinas na esquerda e garante mais solidez do que Zaidu.

Ao contrário de Conceição, Guardiola teve boas notícias com o fecho do mercado de transferências. Com a chegada de Rúben Dias a Manchester, o técnico parece ter resolvido um dos problemas do City (permeabilidade defensiva) e, no passado fim-de-semana contra o Arsenal, os “citizens” apresentaram-se com um sistema táctico inovador.

Com Aguero de regresso, o City surpreendeu ao defrontar os “gunners” com Bernardo Silva e João Cancelo a ocuparem zonas interiores no meio campo. A estratégia, que contou com três centrais (Ake, Dias e Walker), resultou em três pontos importantes para o City, mas será que a estratégia de Guardiola terá continuidade frente ao FC Porto? A resposta só será conhecida hoje, quando for anunciado o “onze” escolhido pelo catalão.

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