Depois de um AVC, é pouco provável que Keith Jarrett volte a tocar ao vivo

Segundo o The New York Times, que entrevistou o famoso pianista, o músico teve um derrame em 2018 e só consegue tocar com a mão direita.

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Keith Jarrett num concerto no CCB, em Lisboa, em 2007 RG RUI GAUDENCIO - PòBLICO

É muito pouco provável que alguém volte a ouvir Keith Jarrett a tocar piano e a gemer ao som das suas improvisações ao vivo. Depois de dois derrames em 2018, que nunca tinham sido revelados até agora, o músico norte-americano que uniu o mundo do jazz e da música clássica e é um dos pianistas mais influentes e populares de sempre, deixou de ter a capacidade de tocar com a mão esquerda. Agora com 75 anos, até andar lhe é complicado.

A revelação, publicada esta quarta-feira, é do jornal The New York Times, que falou com o próprio a propósito de Budapest Concert, o novo disco ao vivo de Jarrett, gravado no início de uma digressão europeia em 2016. O último concerto que Jarrett deu foi no Carnegie Hall, em Nova Iorque, em 2017. Era suposto ter voltado à mesma sala meses depois, no início de 2018, mas o concerto acabou por ser cancelado por “razões de saúde”. Essas foram agora descortinadas.

Ao jornal americano, o músico diz que ficou “paralisado”. “O meu lado esquerdo ainda está paralisado. Consigo tentar andar com uma bengala, mas demorou muito tempo para isso acontecer, um ano ou mais”, explicou. “Não sei o que é suposto o meu futuro ser. Não sinto agora que seja um pianista. É tudo o que posso dizer sobre isso”, concluiu, sobre a sua própria condição.

Nascido em 1945, desde miúdo que Jarrett é um prodígio do piano. Toca profissionalmente desde a década de 1960, sendo famoso pelas colaborações com músicos como o trompetista Miles Davis, o saxofonista Charles Lloyd ou o baterista Art Blakey, mas também pelos concertos de piano solo e do trio que formou nos anos 1980 com o contrabaixista Gary Peacock e o baterista Jack DeJohnette. The Köln Concert, um disco de piano solo gravado ao vivo lançado em 1975, vendeu mais de três milhões de cópias, um sucesso quase sem paralelo para discos a solo e de pianistas.

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