“Nem acredito que conseguimos”: sonda da NASA tocou em asteróide para tirar amostras

Sinais de rádio a cerca de 330 milhões de quilómetros de distância confirmaram que a sonda tinha contactado com o asteróide Benu. Esperam-se agora mais informações sobre as amostras.

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OSIRIS-REx preparada para tocar na superfície do asteróide Benu NASA

De forma breve, a sonda OSIRIS-Rex da NASA conseguiu tocar no asteróide Benu na última noite para recolher amostras, tal como estava previsto. “Contacto confirmado (…). Amostragem concluída.” Assim anunciava a agência espacial norte-americana que a OSIRIS-Rex tinha contactado com Benu, durante a transmissão em directo das operações, o que arrancou uma ovação da equipa que estava a acompanhar esta aventura espacial. Apenas nos próximos dias saberemos o sucesso da recolha das amostras durante a manobra designada “toca-e-foge”.

Sinais de rádio a cerca de 330 milhões de quilómetros de distância confirmaram que a sonda tinha contacto com o Benu, um asteróide com 500 metros de diâmetro. “Tudo correu perfeitamente”, reagiu Dante Lauretta, chefe da missão, depois de a operação ter terminado. “Escrevemos uma página na história.”

Jim Bridenstine, administrador da NASA, também congratulou o feito: “Estamos a caminho de trazer para casa a maior amostra do espaço desde a Apolo [missões na Lua]. Se tudo correr bem, esta amostra será estudada por cientistas nas próximas gerações.”

Dados preliminares da NASA apontam que tudo terá corrido como planeado durante a recolha das amostras. “Nem acredito que conseguimos”, disse ainda Dante Lauretta. “A sonda fez tudo o que deveria ter feito.” Mas falta a confirmação de que tudo correu mesmo como se tinha planeado.

Durante a manobra, o braço da sonda teria de recolher partículas com menos de dois centímetros de diâmetro e o objectivo era acumular, pelo menos, 60 gramas. Durante os próximos dias saberemos se se conseguiu mesmo recolher essa quantidade. Entre as possibilidades para algo ter corrido mal na recolha é o facto de o braço da sonda não ter conseguido pousar sobre a superfície e “aspirar” as amostras de Benu.

“Faltam poucos dias para descobrirmos a quantidade desta amostra fantástica que tenho e que temos pensado durante décadas”, assinalou Thomas Zurbuchen, administrador associado para a ciência da NASA. Para se identificar e quantificar a amostra remotamente, a equipa usará várias técnicas, como a comparação das imagens do sítio Nightingale (onde foram retiradas as amostras) antes e depois da amostragem.

Nas próximas horas e dias também se espera a chegada de vários dados e imagens que darão também uma noção do resultado das amostras recolhidas. Se a recolha não tiver corrido bem, a OSIRIS-Rex poderá fazer outra tentativa em Janeiro.

E qual o interesse nestas amostras? Benu é um asteróide primitivo e os cientistas referem que a sua poeira e areia na superfície podem dar pistas sobre a química que deu origem ao Sol e aos planetas do nosso sistema solar há mais de 4500 milhões de anos.

Esta não é a primeira vez que se tentam recolher amostras de um asteróide. Os japoneses têm-no feito nas missões Hayabusa 1 e Habayusa 2. A NASA está mesmo a trabalhar de perto com a agência espacial japonesa, pois a Habayusa 2 recolheu no ano passado amostras do Ryugu, um tipo diferente de asteróide. Espera-se que a Habayusa 2 volte à Terra com as suas amostras em Dezembro.

Em Março de 2021, também se espera que a OSIRIS-Rex começará a sua viagem de regresso à Terra. Está previsto que aterre no deserto de Utah (nos Estados Unidos) em Setembro de 2023.

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