Eurodeputados do PSD questionam Bruxelas sobre aplicação obrigatória

Sociais-democratas no Parlamento Europeu questionaram a Comissão Europeia para saber se obrigar o uso da “app” StayAway Covid “cumpre com o Regulamento Geral de Protecção de Dados.

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Paulo Rangel é um dos eurodeputados do PSD Nelson Garrido

Os eurodeputados do PSD questionaram neste sábado a Comissão Europeia sobre a obrigatoriedade do uso da aplicação de telemóvel StayAway Covid, considerando que com esta proposta o Governo português “está a violar duplamente as orientações” de Bruxelas.

O Governo entregou esta semana no Parlamento uma proposta de lei para que seja obrigatório quer o uso de máscara na via pública quer a utilização da referida aplicação em contexto laboral, escolar, académico, bem como nas Forças Armadas, Forças de Segurança e na administração pública, tendo a obrigatoriedade da “app” gerado uma onda de críticas.

Segundo o comunicado enviado às redacções, os eurodeputados do PSD questionaram a Comissão Europeia para saber se obrigar o uso da “app" StayAway Covid “cumpre com o Regulamento Geral de Protecção de Dados e se a imposição de uma multa até 500 euros respeita o princípio da proporcionalidade, pilar do estado de direito”.

Precisamente o PSD entregou na sexta-feira um diploma no Parlamento português que impõe a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos, praticamente idêntico ao do Governo, retirando as referências à aplicação StayAway Covid e acrescentando um período de vigência.

Aquando do anúncio deste diploma do PSD, o líder social-democrata Rui Rio, admitiu que possa vir a ser obrigatória a utilização desta “app”, desde que haja garantias da sua eficácia, que considerou não existirem na actual proposta do Governo.

Violação de direitos

Na pergunta que os eleitos pelo PSD no Parlamento Europeu entregaram em Bruxelas é referido que “esta proposta levanta sérias preocupações por potenciar uma violação dos direitos fundamentais à liberdade e à privacidade e ainda uma violação do regime nacional e europeu de protecção de dados, seja pela via da obrigatoriedade de instalação, seja pela via das práticas intrusivas de fiscalização”.

A eurodeputada do PSD Lídia Pereira salienta que “a Comissão Europeia tem encorajado o desenvolvimento deste tipo de aplicações”, mas recordou que “a abordagem acordada com os Estados em Junho pressupõe uma utilização voluntária e anónima”.

“Ao definir uma obrigatoriedade legal e um regime contra-ordenacional desproporcional e intrusivo, o Governo português está a violar duplamente as orientações da Comissão Europeia”, condena a eurodeputada social-democrata.

A proposta de lei do Governo, que deu entrada quarta-feira à noite e prevê multas até 500 euros em caso de incumprimento, “determina a obrigatoriedade do uso de máscara para o acesso ou permanência nos espaços e vias públicas e a obrigatoriedade da utilização da aplicação StayAway Covid”.

O anúncio desta iniciativa do executivo socialista foi feito após o Conselho de Ministros que decidiu elevar o nível de alerta para situação de calamidade em todo o território nacional devido à evolução preocupante da pandemia de covid-19, bem como a adopção de novas medidas para travar o aumento de casos.

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