António Costa: “Basta BE e PCP não se juntarem à direita e o orçamento passa”

Numa parte da conversa sobre covid-19, o secretário-geral do PS disse que considera mais restritivo para as liberdades o uso obrigatório da máscara do que a aplicação.

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Nuno Ferreira Santos

O primeiro-ministro, António Costa, avisou neste sábado que o próximo Orçamento do Estado “só chumba se BE e PCP somarem os seus votos à direita” e disse ter dificuldade em perceber como é que a esquerda não apoia este documento.

Durante um encontro digital promovido pelo PS, e no qual participou enquanto secretário-geral socialista, António Costa assumiu não estar tranquilo, uma vez que há “um grau de indefinição” em relação ao Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) que “não é saudável para o país”, mas garantiu que está de “consciência tranquila” com aquilo que o Governo tem feito sobre esta questão.

Este orçamento só chumba se o BE e o PCP somarem os seus votos à direita”, avisou. A seguir, António Costa afirmou que passa o tempo “a ouvir os partidos à esquerda do PS a dizer que o PS se junta à direita”, mas que na realidade “basta eles não se juntarem à direita e o orçamento passa”.

O primeiro-ministro reforçou ainda a ideia de que a proposta orçamental do Governo que deu entrada na Assembleia da República “já traduz muito do trabalho desenvolvido na negociação” com BE, PCP, PEV e PAN.

“Que esses partidos desejem ainda algumas melhorias, é normal que o façam e com certeza a negociação prosseguirá até à votação final global. Agora, com toda a franqueza, eu devo dizer que não percebo como é que um partido à esquerda recusa na generalidade este orçamento”, condenou.

Na primeira meia hora da sessão, que terminou com perguntas de espectadores, António Costa foi questionado pela jornalista Maria Elisa sobre o estado da saúde, a evolução da pandemia e as propostas do Governo que tornam obrigatório o uso de máscaras na via pública e a instalação da aplicação StayAway Covid. 

A esse respeito, o secretário-geral do PS disse que há um grande desconhecimento sobre a forma como a app funciona e admitiu que foi provavelmente isso que originou críticas. "Obrigar a ficar em casa é muito mais constringente da sua liberdade do que obviamente ter a máscara ou ter a aplicação”, sublinhou António Costa. "Até considero que é mais restritivo para as liberdades o uso obrigatório da máscara do que a aplicação. Acho que há um grande desconhecimento da aplicação e que isso despoletou grande parte da reacção”, acrescentou.

O líder do PS também disse que não foi ponderada a hipótese de o Estado oferecer smartphones aos portugueses que só possuem telefones antigos, sem pacotes de dados de Internet.

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