A competitividade dos países

Muitas das verbas do Portugal 2020 que agora está a terminar destinavam-se a reforçar a competitividade e a internacionalização da economia portuguesa. Falta agora sabermos os resultados.

A competitividade dos países é um tema muito versado na literatura científica de Economia, sendo que esta não é apenas um simples somatório da competitividade das empresas desse país. Para um país ser competitivo nos mercados globais tem de conseguir boas performances, em termos micro e macroeconómicos, porque longe vão os tempos em que a competitividade se obtinha de uma forma artificial, com a desvalorização da moeda. No caso português, era a denominada desvalorização competitiva do escudo, em vez de serem feitas reformas na economia.

A competitividade é obtida através de inúmeros fatores: elevadas e crescentes produtividades do fator trabalho e dos demais fatores produtivos, inovação permanente, melhoria contínua, qualidade das instituições e burocracia, políticas fiscais, transição digital, volume da corrupção, segurança interna, valor da dívida pública, capital social (sociológico), sistema financeiro, produção de bens e serviços de alto valor acrescentado, nível de escolaridade, saúde, etc. Trata-se de obter boas pontuações em mais de 100 indicadores. Devem também ser aproveitadas as vantagens competitivas e procurar obter eficiências no uso dos recursos disponíveis.

Dos itens anteriormente referidos, a produtividade tem sido considerada como o principal fator que impulsiona o crescimento do rendimento, sendo que este está relacionado com o bem-estar.

Quanto mais elevada for a competitividade de uma economia, à partida maior será o rendimento per capita. Não é por acaso que os países do mundo que dispõem de rendimentos per capita mais elevados, por norma, são aqueles que se posicionam nos primeiros lugares dos índices de competitividade. Uma economia competitiva será em princípio aquela que, no longo prazo, obterá maiores níveis de crescimento.

Se um país apresentar fracas condições competitivas, as suas empresas partem em clara desvantagem em relação às empresas dos países mais competitivos, levando em última análise à falência dessas empresas.

Recentemente, foi publicada a edição de 2020 do World Competitiveness Index (IMD), que contém uma detalhada análise de 63 economias, sendo que, neste ranking, Portugal fica na 37.ª posição. Apesar de ser uma modesta posição, subimos dois lugares em relação a 2019. Em termos de países europeus de referência, apenas Itália se situa numa posição mais baixa.

Espera-se para breve a publicação da edição de 2020 do Ranking de Competitividade do Fórum Económico Mundial. Em 2019 ficamos na 34.ª posição entre 141 países. Trata-se do mais importante e mais consultado relatório de competitividade em termos mundiais e considera inúmeras dimensões para quantificar a competitividade. Espero que também neste caso consigamos progredir, sendo que em 2019 ficamos na mesma posição que em 2018.

Apesar de, em termos económicos, não existir um consenso sobre o que é a competitividade, estes rankings são a mais importante ferramenta utilizada por muitos para a tomada de decisões que afetam os países.

Como a vida tem de continuar durante e para lá da covid, não podemos esquecer a competitividade da economia portuguesa, sendo que muitas verbas do Portugal 2020 que agora está em fase de terminus se destinavam a reforçar a competitividade e a internacionalização. Falta agora sabermos os resultados.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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