Obras para a construção de hotel na estação de Santa Apolónia já arrancaram

Trabalhos arrancaram em Julho e deverão prolongar-se por um ano para ali ser instalado um hotel com 125 quartos. Obras não vão condicionar o serviço ferroviário, garante a IP.

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A fachada do hotel será voltada para o rio, mas não serão feitas alterações na fachada do edifício Margarida Basto/Arquivo

Ali chegam diariamente dezenas de comboios de longo curso, regionais e suburbanos, mas, a partir do próximo ano, será também possível pernoitar na estação de Santa Apolónia, em Lisboa. As obras para transformar parte da estação ferroviária num hotel de quatro estrelas já arrancaram. Os trabalhos tiveram início ainda no mês de Julho e têm um prazo previsto de duração de um ano, empurrando para o segundo semestre de 2021 a abertura da unidade hoteleira que terá 125 quartos. 

Foi em Janeiro de 2019 o anúncio de que o grupo Sonae (proprietário do PÚBLICO), através da empresa hoteleira da Sonae Capital The House Ribeira, venceu o concurso de subconcessão lançado pela Infra-estruturas de Portugal (IP) para a instalação e exploração de um hotel na estação, por um período de 35 anos.

Segundo foi então anunciado, o investimento rondará os 12 milhões de euros e servirá para reabilitar e adaptar parte do edifício da estação, inaugurada em 1865, nove anos depois de ali ter sido instalada uma gare provisória e de ter sido feita a primeira viagem de comboio em Portugal, entre Lisboa e o Carregado. 

O projecto, a cargo do gabinete do arquitecto Miguel Saraiva, vai ocupar a ala sul do edifício. Em resposta a questões do PÚBLICO, a Infra-estruturas de Portugal esclarece que a área onde será implantado o hotel “compreende a ocupação de espaços não essenciais à prestação do serviço ferroviário”. “Tanto as obras que estão a decorrer como o posterior funcionamento da unidade hoteleira não colidem nem condicionam a exploração e o transporte ferroviário em Santa Apolónia. As obras em curso não afectam os serviços da IP e da CP que funcionam naquela estação”, refere a Infra-estruturas de Portugal. 

A fachada do hotel será voltada para o rio, mas não serão feitas alterações na fachada do edifício, garante a IP, que nota ainda que este não detém qualquer classificação patrimonial. “Esta concessão tem como principais objectivos a requalificação de parte do edifício que, face à concentração de alguns serviços da IP noutras instalações, se encontra vago actualmente e desaproveitado e a rentabilização de um espaço situado numa zona nobre da cidade de Lisboa com enorme potencial turístico e frente ao Terminal de Cruzeiros”, diz ainda a IP. 

A Estação de São Bento, no Porto, alberga também, desde o Verão de 2017, um hostel no seu edifício. 

Residências universitárias 

Para a estação de Santa Apolónia está ainda prevista a instalação de uma residência universitária, na sequência de um protocolo assinado pela IP Património (IPP) com o ISCTE/Universidade Nova para a instalação de residências universitárias. No entanto, segundo detalha a IP, estão ainda a decorrer os estudos e preparativos para o lançamento de um procedimento de consulta relativo a Santa Apolónia, que poderá ocorrer até ao final do ano. A residência universitária ficará situada na ala norte do edifício, ocupando o primeiro e segundo pisos.

Além de Santa Apolónia, também as estações de Pragal, Carcavelos, Monte Abraão e Portela de Sintra albergarão camas para estudantes, no âmbito do protocolo entre Governo e IP, para reforçar a oferta na zona da Grande Lisboa, onde os custos do alojamento ascendem a valores incomportáveis. 

Esta parceria insere-se no Plano Nacional de Alojamento para estudantes, lançado pelo Governo, que visa aproveitar e reconverter edifícios do Estado desocupados em residências de estudantes, com o propósito de criar mais 12 mil camas até ao final do mandato. 

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