Novo Banco perdeu 510 trabalhadores e 73 balcões com a Lone Star

Desde Agosto de 2014, altura da resolução do antigo BES, saíram mais de 2300 trabalhadores e fecharam mais de 250 agências. Venda à Lone Star foi há três anos.

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Byron Haynes, presidente do conselho geral e de supervisão e Antonio Ramalho (d), presidente do Novo Banco, no Banco de Portugal, aquando da assinatura do contrato de venda à Lone Star Rui Gaudencio (Arquivo)

O Novo Banco reduziu em 510 o número de trabalhadores desde o final de 2017, quando já era detido maioritariamente pelo fundo Lone Star e fechou 73 balcões desde então, segundo os relatórios e contas consultados pela Lusa.

No final de Junho deste ano, o Novo Banco tinha 4646 trabalhadores em Portugal, menos 510 do que os 5156 que tinha em Dezembro de 2017. O fundo norte-americano Lone Star assinou o contrato de compra do Novo Banco a 18 de Outubro de 2017.

Já antes, o Novo Banco tinha feito grandes reduções do número de trabalhadores. Entre Agosto de 2014 e Dezembro de 2017, tinham saído do banco 1794 funcionários, sendo que na maior parte desse período o Novo Banco era detido na totalidade pelo Fundo de Resolução bancário (que permanece com 25% do capital do banco).

Quanto à rede comercial, o Novo Banco tinha em Junho passado 375 agências, menos 73 do que as 448 existentes em Dezembro de 2017. Já entre 2014 e 2017, tinham fechado 183 balcões.

A saída de trabalhadores do Novo Banco deverá continuar, acompanhando uma tendência de todo o sector bancário. Em meados de Setembro, o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários disse que este “tem vindo a apresentar propostas de reforma antecipada e de rescisão de contratos de trabalho por acordo a um conjunto de trabalhadores”.

Sabe-se que a banca prepara a saída de cinco mil trabalhadores no curto prazo. De 2011 a 2019, o sector bancário perdeu mais de 10 mil trabalhadores e encerrou perto de 2300 agências. O emagrecimento vai continuar nos próximos dois a três anos e a contratação de serviços externos está a aumentar.

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Uma foto com três anos: Luis Maximo dos Santos, vice-governador do BdP; Donald Quintin, director-geral do Lone Star e Carlos Costa, governador do BdP; Elisa Ferreira, vice-governadora do BdP e mais atrás a direita Sergio Monteiro, responsável pela operação Rui Gaudêncio (arquivo)

A venda do Novo Banco à Lone Star cumpre três anos este domingo. A 18 de Outubro de 2017, numa pequena cerimónia no Banco de Portugal, foi assinado o contrato de venda àquele fundo norte-americano de 75% do Novo Banco (criado em Agosto de 2014 no âmbito da resolução do Banco Espírito Santo).

Os restantes 25% permaneceram nas mãos do Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado financiada pelos bancos, que consolida nas contas públicas).

Desde então, esta venda tem estado envolvida em polémica pelos elevados custos envolvidos com a recapitalização do banco, devendo arrancar em breve no parlamento uma comissão de inquérito. Há diversas operações que suscitam dúvidas, como o PÚBLICO tem noticiado, como vendas de activos com desconto em negócios que geraram queixas junto da ESMA, o regulador europeu de mercados de valores mobiliários, sediado em Paris.

Em causa estão eventuais prejuízos injustificados com essas vendas e alegados conflitos de interesse.

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