Um pequeno passo para uma criança, um grande passo para o meio ambiente

As leguminosas, alimentos muitas vezes rejeitados pelas crianças, possuem uma riqueza ambiental e nutricional ímpar e desempenham uma função significativa na sustentabilidade do sistema alimentar.

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"Estima-se que, em Portugal, o consumo médio seja de 8 gr. por dia, quando deveria ser de 80 gr. de leguminosas cozinhadas" Nelson Garrido

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Alimentação, que coincide com o dia da criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Tendo em conta que vamos ter de produzir mais 60% de alimentos até 2050, e que os nossos modelos atuais estão ainda longe de serem globalmente sustentáveis, o tema escolhido pela FAO para celebrar o dia de hoje é: “Cultivar, nutrir, preservar. Juntos. As nossas ações são o nosso futuro.”

Paralelamente, a Estratégia do Prado ao Prato da Comissão Europeia para 2030, lançada este ano, dita que os sistemas alimentares europeus devem ter um impacto ambiental neutro ou positivo, devem ajudar a mitigar as mudanças climáticas, reverter a perda de biodiversidade e garantir a segurança alimentar, a nutrição e a saúde pública. Estes lemas ambiciosos visam promover um maior envolvimento do consumidor na preservação do meio ambiente, uma tomada mais consciente nas suas escolhas alimentares, um estreitamento dos laços entre produtores e consumidores e o favorecimento de alimentos mais nutritivos e sustentáveis. E já diz o ditado “de pequenino se torce o pepino”, pelo que os nossos consumidores mais jovens devem ser a nossa aposta para um futuro mais sustentável.

As leguminosas, alimentos muitas vezes rejeitados pelas crianças, possuem uma riqueza ambiental e nutricional ímpar e desempenham uma função significativa na sustentabilidade do sistema alimentar. A sua produção reduz a utilização de fertilizantes inorgânicos, contribui para o aumento da produtividade de culturas subsequentes, e promove a biodiversidade. Em termos nutricionais, são boas fontes de proteína, hidratos de carbono complexos, fibra, magnésio, ferro, potássio, fósforo, zinco e de vitaminas do complexo B, nomeadamente B1, B6 e ácido fólico. Finalmente, são alimentos acessíveis, com um tempo de prateleira longo. Os argumentos para favorecermos as leguminosas nos sistemas alimentares do futuro e nos tempos que correm são amplos. Mas estarão elas a chegar aos pratos das nossas crianças?

Estima-se que, em Portugal, o consumo médio seja de 8 gr. por dia, quando deveria ser de 80 gr. de leguminosas cozinhadas. Urge, por isso, encontrar-se novas formas de os apresentar às crianças, desenvolvendo produtos apelativos para estas faixas etárias, de preferência com base em matéria-prima local — outra questão a pensar — e promovendo políticas públicas que garantam a sua inclusão, por exemplo em escolas. A pensar nos desafios alimentares do dia de hoje, e em como um pequeno passo para uma criança pode representar um grande passo para a sustentabilidade dos nossos sistemas alimentares futuros, no âmbito do projeto TRUE (projeto Europeu que tenta encontrar formas de transição para sistemas baseados em leguminosas sustentáveis na Europa), foi desenvolvido um e-book com receitas contendo leguminosas e especialmente apelativas para os mais novos. O e-book encontra-se disponível para download gratuito, para já apenas na versão inglesa. Esperamos que vos possa ser útil!

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