Portugal “pode chegar aos 3000 casos de covid-19 dentro de alguns dias”

País pode chegar aos 3000 novos casos de infecção nos próximos dias. Linha SNS24 vai voltar a prescrever testes de rastreio.

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Portugal ultrapassou quarta-feira a barreira dos 2000 novos casos de covid-19 pela primeira vez. O país está a “enfrentar uma situação crescente que tenderá a agravar-se nos próximos dias”, admitiu a ministra da Saúde, em conferência de imprensa. O SNS24 vai voltar a poder prescrever testes para o rastreio da covid-19 e haverá recrutamento de profissionais para rastreio de contactos.

O risco de transmissibilidade (Rt) do vírus está acima de 1 em termos nacionais. A ministra citou modelos matemáticos elaborados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) para dizer que nos próximos dias o cenário poderá agravar-se. “O crescimento pode chegar aos 3000 casos dentro de alguns dias se não tivermos cuidados”, referiu, lembrando que os modelos matemáticos não reflectem as medidas tomadas para retrair o risco de contágio. Uma alusão ao que foi aprovado quarta-feira em Conselho de Ministros.

Dos 2072 novos infectados, 48% foram registados na região norte do país. A segunda maior fatia está em Lisboa e Vale do Tejo (41%). Segundo o relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS), registam-se sete mortes e houve também um acréscimo dos doentes internados, quer em enfermaria quer em cuidados intensivos. Eram 957 doentes em enfermaria e 135 em intensivos.

A ministra disse não ter dados das medidas que cada hospital está a tomar de acordo com os seus planos de contingência, mas deu um pequeno retrato das duas região mais afectadas pela epidemia. Total de 6330 camas de enfermaria disponíveis na região de Lisboa e Vale do Tejo, 419 estão ocupadas por doentes covid. Nos cuidados intensivos estão ocupadas com doentes covid 64 de 301 camas. No Norte, estão internados em enfermaria 294 doentes covid de um total de 5489 camas e nos intensivos 56 de 357 camas no total.

Numa carta aberta, publicada no PÚBLICO, cinco bastonários dos Médicos alertaram para a necessidade de fazer mudanças urgentes do SNS, considerando que, como está, não poderá ajudar todos os doentes. Um dos pedidos é que os sectores privado e social possam apoiar a resposta pública.

“Li com atenção e, sim, estou de acordo que este é o momento de o SNS mostrar aos portugueses que valeu a pena terem investido as suas escolhas, os seus impostos e o seu afecto no serviço público financiado por impostos e prestado, maioritariamente, por prestadores públicos”, disse Marta Temido. “Precisamos de recorrer a todos os sectores que possam auxiliar”, dando o exemplo do recurso aos laboratórios privados para testar a covid-19. Já sobre outras parcerias, “a utilização dependerá da necessidade de cada momento e serão activadas se forem necessárias”. O Plano Outono/Inverno, a “versão consolidada, será tornado público na próxima semana”.

Marta Temido assegurou que estão a trabalhar na “manutenção da preparação do SNS” e no alívio da pressão hospitalar e nos profissionais de saúde. A Linha SNS24 vai voltar a poder prescrever testes a partir da próxima semana e “a actividade de rastreamento de contactos intensificar-se-á nos próximos dias por profissionais recrutados especificamente para o efeito, nomeadamente em regiões onde ainda está mais incipiente”.

A DGS actualizou a norma relativa ao período de isolamento de casos positivos de covid-19, reduzindo-o de 14 para dez dias em situações de doença ligeira ou moderada, assim como para os doentes positivos assintomáticos. Desde que, em qualquer dos casos, estejam três dias consecutivos sem febre e com melhora significativa dos sintomas. Já a quarentena aplicada aos contactos de risco — pessoas sem confirmação da doença — mantém-se nos 14 dias. Os sintomas de covid também foram actualizados, passando a incluir a perda de olfacto e de paladar.

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