PRR: Metros de Lisboa e do Porto recebem mil milhões para novas expansões

Cidade do Porto vai ter ligação a Matosinhos através de uma linha dedicada de autocarro rápido e avança ligação do metro entre a Casa da Música e Devesas. Em Lisboa, Governo quer 554 milhões de verbas europeias para expansão do metro até Alcântara e para o metro ligeiro de superfície Odivelas-Loures.

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Governo quer nova ligação a Gaia Nelson Garrido / PUBLICO

O documento preliminar referente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PPR) entregue pelo Governo em Bruxelas prevê 1032 milhões de euros para a mobilidade sustentável, a esmagadora maioria dos quais serão orientados para novos projectos de expansão do metro de Lisboa e do Porto. A maior novidade parece ser a aposta na linha dedicada de autocarro rápido (bus rapid transit - BRT) do Campo Alegre, no Porto.

Agora orçamentada em 83 milhões de euros, a obra deverá ser executada e gerida pela Metro do Porto. Empresa à qual, aliás, este projecto já esteve ligado, mas a ideia era então apostar no metropolitano, com grande parte por via subterrânea.

No estudo prévio de impacto ambiental que foi feito em 2009 explicava-se que esta linha de metro ia pela zona ocidental, ligando os concelhos do Porto e de Matosinhos ao atravessar “as freguesias de Nevogilde, Foz do Douro, Lordelo do Ouro, Massarelos, Miragaia, Vitória e Sé, pertencentes ao concelho do Porto, e a freguesia de Matosinhos”.

Falta, no entanto, perceber exactamente qual será o traçado da linha que se fará agora através de BRT.

Depois, a ideia é usar os fundos europeus, disponíveis entre 2021 e 2026 para ajudar os países europeus a recuperar da crise provocada pela pandemia de covid-19, e alocar 299 milhões de euros para a expansão da rede do metro do Porto entre a Casa da Música e Devesas. Esta ideia já tinha sido defendida pelo Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, em Abril. Na altura, em entrevista ao PÚBLICO, avançou a “possibilidade de uma nova linha de metro para Vila Nova de Gaia”, com uma nova ponte sobre o rio Douro.

Lisboa recebe 554 milhões de euros

Em Lisboa, o projecto com direito a mais verbas será a expansão da rede da linha vermelha do metro até Alcântara, algo que o ministro referiu também em Abril. De acordo com o documento entregue em Bruxelas, serão canalizados 304 milhões de euros. Em Maio de 2017, quando foi apresentada oficialmente a ideia da linha circular, unindo o Rato ao Cais do Sodré, já se pensava no prolongamento da linha vermelha mas numa fase posterior, defendendo a empresa que a linha circular tinha mais retorno.

Cerca de um ano e meio depois, o presidente do metro de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, afirmou ao PÚBLICO que ia pedir autorização ao Governo para arrancar com o projecto de ligação da Linha Vermelha de S. Sebastião a Campo de Ourique, com paragem nas Amoreiras. Alcântara era apenas uma hipótese, até porque, explicou o gestor, de Campo de Ourique para Alcântara há um desnível muito grande. “Não podemos ir a direito embora pareça que é só descer um bocadinho. Temos que fazer uma volta, e isso obriga à construção de uma estação intermédia na Infante Santo”, adiantou.

Além disso, estão previstos outros 250 milhões de euros para a construção do metro ligeiro de superfície Odivelas-Loures. Conforme já noticiou o PÚBLICO, esta linha de transporte deverá ter 12,4 quilómetros e dois braços, um a funcionar entre a estação de Odivelas e o Hospital Beatriz Ângelo e outro entre Odivelas e o Infantado.

Tudo somado, estes quatro projectos terão direito a 936 milhões de euros. Depois, a ideia é haver ainda 96 milhões para a descarbonização dos transportes públicos, o que eleva o montante total para os 1032 milhões, enquadrado na estratégia europeia de promover o investimento para a transição climática.

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