Agente da PSP entre dezenas de detidos em operação contra o tráfico de armas

Diversas metralhadoras estão entre a vasta quantidade de armas apreendidas. Está em curso a Operação Ibéria com dezenas de buscas que envolvem cerca de três centenas de operacionais da Judiciária.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Um agente da PSP de Chaves está entre as dezenas de detidos numa megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) de combate ao tráfico de armas, na região Norte do país. O polícia terá desviado diversas armas entregues ao Estado para serem destruídas, que desta forma foram reintegradas no mercado. No âmbito da chamada Operação Ibéria foi igualmente apreendida uma vasta quantidade de armamento, onde se destacam diversas metralhadoras, apurou o PÚBLICO. O nome dado à operação teve em conta o trajecto das armas, que tanto vinham de Espanha para Portugal como iam de Portugal para Espanha. As autoridades espanholas também estão a colaborar nesta investigação. 

Além do agente da PSP, foram detidos armeiros que também se dedicavam à venda ilegal de armas, um mercado que alimentaria outro tipo de criminalidade, nomeadamente a associada aos roubos. O núcleo de suspeitos que estariam envolvidos no tráfico de armas e na transformação das mesmas circunscreve-se a cerca de dez pessoas, sendo as restantes dezenas de detidos os compradores das armas proibidas. Alguns destes deverão ser ouvidos pelo Ministério Público e libertados com a medida de coacção mínima, o termo de identidade e residência. Face à dimensão da operação, só esta quarta-feira deverá ser possível contabilizar o número de detidos e fazer o balanço das apreensões. 

Pouco antes das 13h a Judiciária confirmava em comunicado que estavam a decorrer esta terça-feira dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias, envolvendo cerca de três centenas de operacionais da PJ. A Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública também colaboraram nas quase duas centenas de buscas realizadas no Norte do país, nomeadamente em Vila Real, Chaves, Montalegre e Braga. Ao fim da tarde ainda havia diligências a decorrer. 

Segundo fonte da PSP, durante a parte da manhã o agente da esquadra de Chaves suspeito no caso estava a ser alvo de uma busca na residência que habita, onde foram apreendidas várias armas. Para a tarde estava prevista uma busca ao cacifo e ao posto de trabalho do polícia, na PSP de Chaves. O porta-voz da PSP, Nuno Carocha, confirmou que havia um agente suspeito no caso e que o Comando da PSP de Vila Real e o Departamento de Armas e Explosivos da mesma força estavam a colaborar na investigação.

A Judiciária adianta que a operação é feita no âmbito de um inquérito tutelado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, que, segundo o PÚBLICO apurou, terá vários anos. 

Segundo o último Relatório Anual de Segurança Interna, em 2019 foram realizadas 7.524 buscas e acções de fiscalização ou sensibilização, que resultaram na apreensão de 8.562 armas. Tal representa uma diminuição de 18,7% face ao ano anterior (10.536). Apesar de ter reduzido em menor proporção, o número de acções de prevenção ou investigação nesta área também desceu entre 2018 e 2019. Neste último ano realizaram-se menos 789 operações, o que significa uma quebra de 9,5% face ao ano anterior.

Os números só contabilizam os dados da PSP, da GNR e da Polícia Marítima, o que deixa de fora as apreensões feitas pela PJ. Em 2019, segundo o mesmo relatório, foram entregues ou recuperadas 22.509 armas, mais 2250 do que no ano anterior, e destruídas 33 mil unidades. Já relativamente às munições verificou-se uma diminuição das apreensões, que passaram de mais de 187 mil em 2018 para pouco mais de 130.500 no ano seguinte.

O número de crimes praticados com recurso a armas de fogo tem vindo a diminuir de forma sustentada na última década, segundo dados da Direcção-Geral de Política de Justiça. Em 2019 foram contabilizados 634 ilícitos cometidos com recurso a este instrumento, contra 3190 registados em 2009. 

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