Consórcio de universidades quer promover geociências planetárias na Europa

Objectivo é ter o mestrado Erasmus Mundus em geociências planetárias a funcionar no ano lectivo de 2022/2023.

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Na Greve Climática Estudantil em Lisboa em Março de 2019 MIGUEL MANSO

O projecto GeoPlaNetSP, desenvolvido por um consórcio de universidades, entre as quais as de Coimbra, do Porto, de Nantes (França) e de Pádua e Chieti/Pescara (Itália), vai criar um mestrado Erasmus Mundus em geociências planetárias, foi anunciado esta terça-feira.

Para criar as condições para ter o novo mestrado a funcionar no ano lectivo de 2022/2023, “o consórcio vai estreitar e aprofundar relações através da criação, utilização e partilha de tecnologias inovadoras no ensino de geociências planetárias, voltadas para o fortalecimento da excelência académica nesta área do conhecimento”, afirma a Universidade de Coimbra (UC) em comunicado de imprensa.

O projecto dispõe de um financiamento da União Europeia, no valor de 263 mil euros, concedido no âmbito do programa Erasmus+ Strategic Partnership for Higher Education.

A verba vai permitir o intercâmbio de professores e alunos, “para actividades lectivas integradas nas formações de mestrado já existentes em cada uma das instituições parceiras”, afirmam Alexandra Pais, Fernando Carlos Lopes, João Fernandes e José Pinto da Cunha, professores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra ligados ao projecto.

“As actividades, que envolvem igualmente a ESA [Agência Espacial Europeia] e empresas locais de tecnologia para o espaço, têm como temas principais a empregabilidade e práticas inovadoras de ensino na área das ciências do espaço, assim como habitabilidade e mapeamento geológico em análogos planetários”, acrescentam os docentes citados no comunicado.

As geociências planetárias visam essencialmente o conhecimento dos planetas do sistema solar, “em particular os planetas que são rochosos como a Terra (Mercúrio, Vénus e Marte), bem como os respectivos satélites naturais”, sublinham os especialistas, indicando que, “neste âmbito, são adaptadas a esses astros as técnicas e tecnologias usadas na Terra”.

Assim, sustentam, “as geociências planetárias oferecem uma possibilidade de testar modelos de formação do sistema solar e de alcançar um conhecimento mais integrado sobre a composição, estrutura e evolução dos planetas”.

Por outro lado, adiantam, “num tempo em que se perspectiva (numa escala de tempo inferior a um século) a realização de viagens interplanetárias tripuladas, a preparação dessas missões necessitará a montante do conhecimento profundo da natureza dos planetas” que se desejar visitar.

O projecto GeoPlaNet-SP tem ainda a colaboração de uma empresa francesa de base tecnológica  a VR2Planets –, que trabalha na área da realidade virtual, e está inserido numa rede mais alargada que congrega duas dezenas de instituições e laboratórios de investigação de 16 países, refere o comunicado.

Esta rede, que nasceu em 2017, por iniciativa do Laboratório de Planetologia e Geodinâmica da Universidade de Nantes, centra-se na interacção e colaboração entre investigadores na promoção das geociências planetárias (na Europa) e nela se integra desde o início o Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra. A participação desta universidade portuguesa neste consórcio tem por base o plano de estudos do mestrado em astrofísica e instrumentação para o espaço e a participação de empresas tecnológicas ligadas ao espaço, com as quais este mestrado tem vindo a colaborar.

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