Durão Barroso elogia resposta célere e adequada à crise gerada pela covid-19

Antigo presidente da Comissão Europeia considera que a Europa mostra mais “resiliência” do que é reconhecido.

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Durão Barroso foi líder do PSD rcl Ricardo CasteloNFACTOS

O antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, mostrou-se satisfeito por ter havido uma resposta à actual crise mais célere e com um programa “adequado e ambicioso”. Durão Barroso participou, esta segunda-feira, numa iniciativa promovida pelo Instituto Francisco Sá Carneiro no âmbito dos 40 anos da morte do antigo primeiro-ministro.

Num vídeo gravado sobre o tema “Portugal e o Mundo no contexto actual de crise”, integrado nas Sá Carneiro Talks, com transmissão pelas redes sociais, Durão Barroso comparou a resposta da União Europeia à actual crise gerada pela covid-19 e a resposta à de 2008, sublinhando a diferença na origem.

“Pessoalmente fiquei muito satisfeito por, apesar de todas as polarizações entre o Norte e Sul, entre os chamados frugais e os países que pedem maior celeridade, ter sido possível desenhar um programa adequado e até ambicioso”, disse o social-democrata que presidiu à Comissão Europeia entre 2004 e 2014.

Durão Barroso considerou também que a Europa beneficiou da experiência da resposta à crise financeira anterior e que “teve uma resposta mais rápida sobretudo o Banco Central Europeu, que demorou quatro anos a anunciar as medidas mais radicais”.

Para o antigo primeiro-ministro e líder do PSD foram também quebrados alguns “tabus” já que havia “alguns Governos na Europa” que defendiam que não se podia ajudar países que entrassem em “quase falência técnica” como aconteceu com Portugal.

Revelando que, nesses tempos, enquanto presidente da comissão europeia, esteve muitas vezes “isolado”, Durão Barroso reconheceu que houve uma resposta “mais substancial” por parte da Europa à crise. “A Europa está de certo modo a responder presente, confirmando que – como venho dizendo há muito tempo  a sua resiliência é bem maior do que normalmente os analistas lhe reconhecem”, sustentou.

Sobre o posicionamento da Europa no mundo, o antigo primeiro-ministro do PSD disse ver hoje uma “Europa mais política”, que “de certa forma perde a sua inocência, que está a chegar à idade adulta politicamente”. Nesse contexto, defendeu que a Europa, apesar das suas diferenças ideológicas, se deve unir em torno de princípios da paz, da luta contra as alterações climáticas, da manutenção do comércio livre, da luta contra o terrorismo, contra pandemias e pela manutenção da estabilidade financeira.

Durão Barroso, que aderiu ao PSD “em grande medida por causa de Francisco Sá Carneiro”, lembrou que quando recebeu o prémio Nobel da paz, em 2012, em nome da União Europeia, contou a história da democracia portuguesa e a sua ligação à paz. “Estes são os valores que inspiraram Sá Carneiro e que deviam continuar a inspirar o nosso país, a Europa e a nossa União Europeia”, disse.

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